Matías Mboa, tal como muitos militantes da Frelimo na luta pela libertação nacional, teve uma trajectória espinhosa. Conquistou o conhecimento académico e filiou-se à Frelimo, chegando a ocupar o cargo de chefe da 4ª Região Militar, após treino na Argélia. Mas, cedo, 1964, foi parar às celas da Machava, numa experiência em que a dor e a tortura eram a regra, mas vencidas pela certeza da causa.
Quem era Matías Mboa antes de se entregar à causa nacional?
Matías Mboa era um simples cidadão moçambicano, nascido em Bobole, de pais humildes, trabalhadores e que, concluído o curso de professores no Alvor, veio a Maputo à procura de emprego. Só que compreendeu que aqui havia necessidade de continuar a trabalhar e a estudar. Então, à noite, matriculou-se num explicador, o Dr. Azevedo, e com ele veio a encontrar-se com outros companheiros, entre os quais Samora Machel, com quem desenvolveu forte amizade e a abandonou o país para a Tanzania.
Quando desperta em si esta consciência política, este desejo de se unir aos outros moçambicanos que já estavam neste processo de luta contra o regime colonial?
Acho que, para mim, como para muitos moçambicanos, o nacionalismo moçambicano começou a ter raízes, mais ou menos, na década 50. Para outros países, foi logo após a II Guerra Mundial. Mas aqui em Moçambique, digo francamente, começou a notar-se depois da vinda do Dr. Mondlane. Muitos moçambicanos que tiveram encontro com o Dr. Mondlane compreenderam que havia necessidade de continuarem a estudar, com dificuldade ou não, tinham que continuar a estudar. A partir dali, muitos moçambicanos trabalhavam de dia e de noite iam estudar. Isso é o que sucedeu comigo, com o camarada Samora e com muitos outros companheiros com que convivi aqui em Lourenço Marques, na altura.
Teve algum convite formal para fazer parte da Frente de Libertação de Moçambique ou foi uma entrega espontânea?
Recent Comments