O ministro moçambicano da Energia, Salvador Namburete, que se encontra na capital portuguesa, foi recebido hoje, em audiência, pelo Primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.
Fontes contactadas pela AIM, em Lisboa, confirmaram que o dossier Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), empreendimento localizado na província central de Tete, em Moçambique, foi um dos assuntos abordados no referido encontro.
“O dossier HCB está em andamento”, disse Rui Baptista, assessor de Imprensa do Primeiro-ministro, Passos Coelho, falando à AIM, depois de confirmar a audiência.
Rui Baptista escusou-se, entretanto, confirmar a assinatura de qualquer acordo durante o encontro entre Passos Coelho e Salvador Namburete.
O embaixador de Moçambique em Portugal, Jacob Nyambir, que acompanhou o ministro Salvador Namburete na audiência, confirmou o encontro mas sublinhou que 'hoje não foi assinado nenhum acordo'. Há boas perspectivas para que o dossier seja concluído nas próximas semanas, em Maputo'.
Em causa está a venda dos 15 por cento das acções detidas pelo Estado português, depois da reversão da HCB para o Estado moçambicano em 2006, em que Moçambique passou a deter 85 por cento do capital do empreendimento.
A assinatura do acordo da venda dos 15 por cento das acções da HCB, divididas em 7,5 para a REN (Redes Energéticas de Portugal) e 7,5 por cento para uma empresa moçambicana, estava prevista para Novembro de 2011, durante a visita do Chefe do Estado moçambicano, Armado Guebuza, a Portugal, mas acabou não acontecendo por 'razões técnicas'.
Segundo notícias veiculadas nos jornais portugueses e moçambicanos, o negócio não terá sido fechado devido a um diferendo no preço, já que Lisboa pretende que a venda seja feita a preços de 2006, o que significaria 140 milhões de euros, enquanto Moçambique defende que as acções valem apenas 117,5 milhões de euros, menos 22,5 milhões de euros da verba exigida por Portugal.
Recentemente, a REN anunciou que mantém o interesse na compra de 7,5 por cento da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, aguardando apenas a conclusão do negócio entre o Estado português e o moçambicano.
“A decisão foi tomada há vários meses: logo que haja acordo (entre o Estado português e o Estado de Moçambique) no preço dos 15 por cento, a REN, por si, está pronta para avançar com a compra dos 7,5 por cento”, afirmou Rui Cartaxo, da REN.
Falando aos jornalistas, Rui Cartaxo mostrou-se confiante que o negócio seja fechado em breve, adiantando que a entrada no capital da hidroeléctrica deverá ser o primeiro investimento a realizar já com os novos accionistas – a State Grid (chinesa) e a Oman Oil Company (do Oman) –, em Moçambique.
“Estamos a aguardar que o negócio seja fechado entre o Estado português e o moçambicano, o que contamos que aconteça em breve”, sublinhou.
Em Moçambique, a REN quer fazer parte do grande projecto de desenvolvimento das infra-estruturas eléctricas, estando preparada para fazer parcerias com empresas moçambicanas, incluindo a EDM – Electricidade de Moçambique.
DM/SG
AIM – 28.03.2012