Com ou sem, os recentes acontecimentos ocorridos em Nampula, Moçambique, onde a policia moçambicana teve de reagir a tiro e tomar à força a sede da Renamo, o futuro deste partido sob a direção de Afonso Dlhakama no panorama politico restariam como sempre sombrios.
Não sendo um Jonas Savimbi, Savimbi, um tribalista confesso, era intelectualmente culto, Dlhakama também ele com sonhos tribalistas, é um politico, e intelectualmente analfabeto. Como seu sósia mais próximo, apenas vejo o sanguinário Joseph Kony do Uganda.
Se aos moçambicanos era-lhes exigido uma adaptação à cultura democrática, a Afonso Dlhakama era-lhe impossível exigir o que quer que fosse. Todos hoje sabem tratar-se de um alucinado, que dadas as circunstâncias especificas da época, foi imposto à força pelo ocidente a politica moçambicana. Dlhakama, julga erradamente ter algum mérito nas decisões que levaram o estado moçambicano a romper com o marxismo; não entende que não foram as acções do seu bando de criminosos, e sim a conjuntura internacional, mais a queda do império soviético, e uma opção económica natural dos moçambicanos adoptada em 1991,no sexto Congresso do partido Frelimo.
A politica serve-lhe apenas de escape, onde vai vilipendiando um governo eleito, bramindo tambores de bandido armado, que em tempos foi, quando com o seu bando de criminosos e ajuda de colonialistas Portugueses, lá ia semeando a desgraça, e o terror junto de populações moçambicanas indefesas.
No fundo do seu intimo considera que a democracia incumbio uma agenda, que julga poder executá-la a contento das suas convicções ,com o suporte financeiro e assessorada de segmentos remanescentes desse movimento ideológico. Conduz uma politica de desestabilização psicológica contra o governo legitimo de Moçambique, na esperança que com uma erosão deste, sejam criadas as condições favoráveis, que a ele e os seus amigos interessa.
A reacão do governo porém, tem sido extremamente cautelosa a lidar com o Dlhakama e suas diabrites, Evidentemente que os actos provocam reações de condenação, e leituras diversas de outros partidos de oposição, a sociedade civil, e vem impacientando o núcleo duro do partido Frelimo até a um limite que julgo pode não haver retorno.Num momento em que a politica requer dos partidos gestos e atitudes moderadas, o quadro comportamental de Dlhakama e de alguns elementos do seu partido, destoam o clima que aos moçambicanos interessa e, que lhes é imprescindível para o desenvolvimento económico do pais.
Dantes tínhamos o marxismo doutrinário com os seus acólitos do leste europeu, que com as suas assessorias nos ajudavam a estagnar a economia; hoje temos o FMI, BM e o BEI, a nos dar dicas de como gastar o nosso dinheiro, mesmo à custa do agravamento da divida.
A economia moçambicana não pode continuar a custear despesas de parasitas ou de individuos vocacionados a semear a desordem e atentar contra a ordem estabelecida.
Depois da independência, alguns estados africanos optaram pelo marxismo para exorcizar o colonial capitalismo que os oprimira por muitos anos. Estavam no seu direito; sonhavam por um sistema onde a dignidade humana e os direitos destes fossem respeitados, contudo a utopia no marxismo foi uma quimera, mesmo assim, ajudou a consolidar a independência e integridade nacionais.
Tanto o materialismo ateu, com o seu marxismo, quer o materialismo económico, com o capitalismo selvagem, todos de inspiração ocidental, não souberam corresponder aos anseios mais profundos do africano. Se a globalização não olha fronteiras, o africano deve exorcizar os mitos e renunciar aos rituais que o prendem ao sobrenatural. O inimigo principal da Africa não se encontra na ideologia, mas no estado de pobreza e de desenvolvimento, ora isso tem a ver com politicas.
Passados 3 décadas e já aclimatados ao capitalismo e à globalização, os africanos devem continuar em busca de uma saida do subdesenvolvimento, capitalizando com os dividendos dos recursos naturais que são enormes, para a construção de infraestruturas económicas, valorização académica para edificação de serviços de saúde, e formação profissional, enquanto tornam sólidos e autónomos, os instrumentos do poder democrático como governo, tribunais, e parlamento.
Nesta sua nova cadência, Dlhakama sabe que a sua luta será sempre inglória , dai parecer haver uma Renamo bicéfala , uma parlamentar a funcionar por vezes à revelia do seu lider, e outra dirigida por ele.Conforme disse Margarida Talapa, chefe da bancada parlamentar da Frelimo -Não se pode ser democrata protagonizando desmandos e semeando a desordem.
A democracia moçambicana está de boa saúde, como o certificam os quatro escrutinios presidenciais e legislativas, a várias municipais realizadas, e por realizar , assim como o funcionamento pleno dos órgãos de soberania.
A inusitada particularidade de sobrevivência politica de Afonso Dlhakama como lider partidário, após 4 derrotas eleitorais consecutivas, confirmam a ausência de alternativa, a ala radical que ele próprio encarna. Este facto ao invés de enfraquece-lo, parece catapultá-lo entre os apaniguados menos instruidos, e que são a base do partido, o que demonstra certa insanidade, ou culto da mesma enfermidade. Cultos de personalidade são recorrentes, quando existe seguidismo ou ausência de democracia interna, constituindo este facto o calcanhar de Aquiles da democracia moçambicana.
Esta é no fundo a realidade de algumas democracias africanas ,cujo estágio de desenvolvimento, a Africa tem forçosamente de ultrapassar, por forma a que as instituições do poder reforcem a sua credibilidade junto do cidadão, e da comunidade internacional.
Efectivamente se os africanos quiserem colocar os seus países num patamar de maior credibilidade e respeito, deverão ser exigentes com a qualidade de liderança que escolherem, quer seja governo, partidos políticos ou sociedade civil.
Um culto à ignorância? Num continente onde em algumas zonas se esgrimam rivalidades tribais, funcionando estes como bloqueio de desenvolvimento, a articulação de idéias a uma saida airosa, dependem de um trabalho pedagógico de consciencialização e liderança politicas.
Os tribalistas ainda sonham em reiventar o império tradicional , que o colonialismo abençoava como um meio para melhor enfraquecer e controlar os africanos. Foram os ventos do nacionalismo que varreram a Africa dos anos 60, a unificar os anseios nacionais, numa força politica e militarizada , da qual resultaram no grito que faltava e a pátria ansiava.
O protagonismo embora ínfimo de Dlhakama resulta hoje uma aberração ao desígnios mais valiosos, de nacionalismo e patriotismo com que a pátria mocambicana foi fundamentada. Os constantes apelos ao retorno a guerra e ao derrube do governo, há muito ultrapassaram os limites tolerados pelo estado de direito.O governo ou mesmo o presidente Armando Guebuza, na qualidade de chefe de estado e comandante chefe das forças armadas, devem encerrar este capitulo, sob o risco de ficarem com o poder minimizado. Se os moçambicanos querem de facto viver em democracia, e disto não existem dúvidas, manter Afonso Dlhakama conselheiro do estado, ofende uma maioria absolutissima de moçambicanos. Trata-se de um contrassenso. Os acordos de Roma tiveram o seu tempo mas já passaram à história.
Com as elites e a classe politica mundial mais preocupada na volatilidade dos mercados, à que reconhecer que os assomos belicistas de qualquer quadrante resvalam na vontade da nação moçambicana. Os moçambicanos vivem ocupados em edificar uma sociedade de direito, onde o cidadão seja dignificado e respeitado; o líder da Renamo não pode disfarçar a descartável imagem, ante o quadro politico sociológico que os moçambicanos construíram nestes 36 anos de vida.
Para finalizar, com as prisões efectuadas, e a confiscação de armas a elementos da Renamo em Nampula pela policia moçambicana, julgo chegado o momento no qual os mecanismos de justiça serão acionados de forma efectiva e definitiva para por cobro aos desmandos da Renamo. Falo em justiça de facto, e não de justiça poética..
O sucedido em Nampula ,onde uma concentração de desmobilizados da Renamo alguns dos quais armados, foi aterrorizando semanas a fio uma zona residencial muito povoada, ora espancando pessoas , invadindo propriedades, deve ser responsabilizado a Renamo.
A Procuradoria Geral da República, deve agir de imediato, não se deixando condicionar por espartilhos partidários de quadrante algum,..Não vivemos numa república de bananas ,e a morte de um membro da autoridade exige uma forte resposta da parte do estado.
Os moçambicanos assumiram um compromisso com a paz e a democracia; isto foi demonstrado a quando das concessões feitas no parlamento, que segundo regimento próprio a Frelimo como partido maioritário acedeu ,que ao partido MDM, fosse constituída uma mesa parlamentar, embora sem número suficiente de deputados.
Inacio Natividade
In http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=29747&catogory=Opinião