Canal de Correspondência por Ricardo Santos (*)
Ver o que está certo
E não fazê-lo
É cobardia – Máximas dos Anacletos II
Esta semana ficou marcada por dois acontecimentos insólitos. O primeiro, foi a oração de sapiência salomónica sobre a prevenção do HIV/SIDA dada pelo nosso incontornável ministro Aiúba Cuereneia à sociedade civil reunida com o Governo. O segundo, foi a divulgação dos resultados de um inquérito realizado pela Ernst & Young, demonstrando que quase nenhum dos 31 grandes projectos instalados em Moçambique estaria interessado em partilhar publicamente os detalhes dos contractos de concessão assinados com o Estado moçambicano. Somente três deles admitiram a possibilidade de estudarem o assunto um dia. Ou seja, quando lhes apetecer...
E tudo isto quase passava despercebido, enquanto a sociedade civil concentrava as suas baterias nas últimas gaffes ministeriais, as quais – caso andemos distraídos - até são o aspecto mais normal da nossa governação nos últimos cinco anos. Por detrás do triunfalismo da realização das metas que por aí vamos ouvindo dos porta-vozes e até na Assembleia da República, escondem-se os nossos tigres de papel.
Prometem ao povo alcançar 10 objectivos, quando o normal seria realizar 50 no mesmo período de tempo. E ainda por cima, conseguidos os 10, devemos retirar 2 ou 3 dos nossos cálculos finais como parte da divida pública do Estado. Ou seja, ganhos que nunca se reflectem como receita, mas sim como despesa permanente no nosso OGE. Não é por acaso que os gabinetes de comunicação e imagem se tornaram no activo mais importante das nossas empresas estatais e públicas nos últimos tempos. Com este andar, ainda os veremos rateados na nossa Bolsa de Valores a par dos demais bens tangíveis e intangíveis.
Leia aqui http://www.canalmoz.co.mz/hoje/21614-tigres-de-papel.html