— directora provincial da Mulher e da Acção Social de Tete, Páscoa Sumbana Ferrão
Crianças dos seus 12 anos de idade estão a ser envolvidas em trabalho infantil, sobretudo como empregadas domésticas, e nos campos de cultivo de algodão, tabaco e gergelim, na província de Tete. Esta situação põe os menores em desvantagem, em termos da sua escolaridade. Este fenómeno de trabalho infantil não ocorre só nos distritos, mas também na cidade de Tete. Algumas famílias entregam os seus filhos, sobretudo as meninas, a terceiros para ter algum valor monetário para sustentar a casa, segundo o “Diário de Moçambique” apurou junto da directora provincial da Mulher e da Acção Social de Tete, Páscoa Sumbana Ferrão.
Ela sublinhou que o trabalho infantil está a ser uma realidade na província de Tete, visto que os pais põem os menores nos campos de cultivo, alegando que estão a ajudá-los na produção. “Muitas das vezes encontramos nos distritos crianças a trabalhar nas plantações de algodão, tabaco e gergelim” — acrescentou, afirmando que são os próprios pais que mandam os seus filhos menores para aumentar a renda familiar.
A nossa Reportagem apurou ainda que também ocorria um fenómeno, um tanto e quanto preocupante, de pessoas que contactavam o sector da Mulher e da Acção Social para lhes ser ceder crianças dos centros infantis, com o propósito de adopção, mas já nas suas casas serviam de empregados domésticos.
“Mas quando nos apercebemos que havia pessoas de má-fé, que vinham levar as crianças para servirem de empregados, aí já não aceitamos” — disse Páscoa Sumbana Ferrão.
“Nós sentimos que as famílias não podiam sustentar este tipo de vício, porque a criança, dentro daquela casa, acaba não tendo aqueles cuidados que as outras têm, que são filhos daquela família. Então, esta criança não tem tido aqueles direitos. Por isso nós desencorajamos estas famílias a não praticar esta atitude”.
A directora provincial da Mulher e da Acção Social de Tete assegurou que um trabalho está sendo feito para eliminar a situação, que é preocupante, envolvendo os núcleos de parlamentos infantis existentes nos distritos. A sensibilização é feita nos estabelecimentos de ensino e comunidades.
Igualmente, os pais são abordados pelos parlamentos infantis, que os desencoraja para abandonar a prática de envolver as crianças nos trabalhos infantis, referiu Sumbana, acreditando que “é verdade que não é tarefa fácil... é muito difícil, porque muitas das vezes os pais questionam se é proibido o meu filho que vá trabalhar, agora quem me vai apoiar”?
Páscoa Sumbana disse tratar-se de um problema muito sério, por se tratar também das próprias famílias que mandam a criança e quando chega um funcionário do Governo diz que não pode proibi-la.
“Isso fica complicado, porque eles têm este tipo de questionamento e dizem que o Governo tem que me dar alguma coisa para eu não mandar o meu filho fazer aquele trabalho e fica complicado para nós” — explicou a directora provincial da Mulher e da Acção Social.
DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE – 28.03.2012