A PETROLÍFERA Anadarko anunciou ontem a assinatura, próximo mês, de um contrato para a realização de estudos de engenharia para o projecto de liquefação do gás natural, naquilo que constitui o primeiro passo para a materialização da exploração dos hidrocarbonetos que estão a ser descobertos na Área 1 da Bacia do Rovuma.
Numa primeira fase projecta-se a construção de dois módulos com capacidade para processar cinco milhões de toneladas de gás cada, esperando-se que para além de alimentar o mercado interno o produto seja exportado para países da região e outras partes do mundo, com destaque para Ásia e América.
Segundo Robert Daniels, vice-presidente das Explorações da Anadarko no Mundo, até ao momento foram identificados, em Cabo Delgado, áreas para a instalação de seis plantas de liquefação do gás natural.
Falando ontem na abertura da III Conferência Internacional sobre Minas, Energia e Hidrocarbonetos, encontro que junta na capital moçambicana empresas do sectores de mais de 40 países do mundo, Robert Daniels referiu que não se colocam problemas de qualidade dos recursos que estão a ser descobertos na Bacia do Rovuma.
Os investimentos globais da petrolífera norte-americana em Moçambique devem atingir um mínimo de 14 biliões de dólares norte-americanos até 2018. Dados apresentados ontem indicam que até ao momento a empresa já aplicou mais de 800 milhões de dólares.
Tendo em conta que na Bacia do Rovuma têm vindo a ser anunciadas descobertas de gás pela ENI, não se põe de lado a possibilidade de os mesmos módulos de processamento virem a ser usados também pela empresa italiana ou outras que estão a prospectar hidrocarbonetos na zona.
As descobertas de gás na Bacia do Rovuma ascendem actualmente os 70 triliões de pés cúbicos, sendo cerca de 40 da ENI e cerca de 30 triliões anunciados pela Anadarko.
Intervindo na sessão de abertura, a Ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, referiu que a indústria extractiva moçambicana começa a contribuir significativamente para a geração de receitas para o Estado, criação de emprego e desenvolvimento de infra-estruturas.
Reconheceu, todavia, que o desenvolvimento do sector coloca grandes desafios para o país, nomeadamente no que diz respeito à gestão e uma exploração sustentável dos recursos, tendo como finalidade o desenvolvimento socio-económico de Moçambique.
Referindo-se concretamente à Bacia do Rovuma, a ministra estimou que a produção de hidrocarbonetos seja iniciada nos próximos seis anos, esperando-se que a contribuição do gás natural no Produto Interno Bruto (PIB), que actualmente se situa entre 1 e 1,7 porcento, cresça para cerca de 13 porcento.
Ao encontro, que desde ontem tem lugar na capital do país, está associada uma exposição de produtos e serviços dos sectores de Energia, Minas e Hidrocarbonetos, o que proporciona uma oportunidade de contacto entre as empresas.
O evento acontece numa altura em que Moçambique está a evidenciar-se como destino de investimento estrangeiro no sector de prospecção e pesquisa de hidrocarbonetos, sendo a Bacia do Rovuma a área mais explorada.