O CANDIDATO da Frelimo às eleições intercalares realizadas na quarta-feira passada na cidade de Inhambane, Benedito Guimino, foi ontem confirmado vencedor do pleito pela Comissão de Eleições da Cidade, segundo os resultados do apuramento intermédio, tornados públicos em cerimónia na qual estiveram presentes o concorrente vitorioso e seus apoiantes, observadores, membros dos órgãos eleitorais, do Governo local e populares.
O mandatário do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) faltou ao acto, apesar de ter sido convidado pela Comissão Eleitoral da Cidade.
De acordo com os dados divulgados pelo presidente da Comissão Eleitoral da Cidade de Inhambane, José Tinga, Guimino venceu o escrutínio com um total de 12682 votos, o correspondente a 78.49 porcento dos votos válidos.
Por seu lado, Fernando Nhaca perdeu a eleição, ao somar apenas 3476 votos, equivalentes a 21.51 porcento.
No total, foram inscritos 43206 eleitores, tendo apenas votado 16763, e outros 26444 não votaram, o que corresponde a uma taxa de abstenção estimada em 61.20 porcento.
O total dos votos válidos foi de 16158, com 251 votos em branco, 353 votos nulos e 22 protestados.
Ainda segundo a Comissão Eleitoral da Cidade de Inhambane, as eleições autárquicas intercalares de quarta-feira decorreram “de uma maneira ordeira, pacífica, livre, justa e transparente”, facto que disse ter dignificado a “jovem democracia multipartidária, bem assim o nome de Inhambane, histórica e tradicionalmente conhecida como sendo “terra de boa gente”.
“Chegados a esta fase, o balanço que fazemos é de que o trabalho do processo eleitoral, não obstante as perturbações de pequena monta registadas no seu decurso, foi positivo e coroado de sucessos”, sintetizou José Tinga.
Elogiou também a participação “activa e afluência satisfatória” dos eleitores nas mesas de votação, bem assim a organização, alto de sentido de civismo, patriotismo, disciplina, respeito mútuo, alegria e festa que disse ter sido manifestados pelos votantes e pelos demais intervenientes no processo de escolha do sucessor do anterior edil, Lourenço Macul, falecido em Dezembro passado, vítima de doença.
Chuva abençoa vitória do candidato
No momento em que eram divulgados os resultados do apuramento intermédio das intercalares, cerimónia que decorreu no Salão Nobre do Conselho Municipal, uma chuva miúda veio confirmar a crença africana segundo a qual a chuva abençoa grandes acontecimentos.
Muito antes das 15.00 horas, hora marcada para o início da cerimónia, a minúscula sala da edilidade já se apinhava de muita gente, entre apoiantes de Guimino, dezena de jornalistas, observadores, representantes de alguns partidos políticos, autoridades governamentais a nível da cidade e o público.
O protocolo viu-se impotente para assegurar a comodidade de todos os convidados, em razão da exiguidade do espaço e a ânsia dos presentes em quererem assistir de perto ao acto.
Uma das figuras que chamou a atenção de todos os presentes foi a do candidato vencedor. Trajado com uma camisa de manga curta com o emblema da Frelimo, Guimino deu entrada na sala pontualmente às 15.00 horas, colhendo muitos acenos dos seus apoiantes.
No momento em que o presidente da Comissão de Eleições da Cidade de Inhambane, José Tinga, deu por concluída a leitura do apuramento intermédio das eleições intercalares que conferiram vitória ao concorrente da Frelimo, os simpatizantes do partido dos “camaradas” não se contiveram de alegria.
Por alguns instantes, as forças policiais foram obrigadas a desviar o trânsito e a encerrar a via que passa defronte do Conselho Municipal, uma vez que a rua estava literalmente invadida por dezenas de militantes que cantavam e dançavam em comemoração da vitória do seu candidato preferido nas intercalares.
Um desfile de viaturas por algumas artérias da cidade emprestou por algumas horas um ambiente de verdadeira festa “vermelha” que, aliás, iniciou na noite de quarta-feira logo após terem sido escrutinados mais de 90 porcento dos votos que davam uma larga vantagem a Benedito Guimino.
Com uma emoção incontida, o candidato vencedor ainda falou à Imprensa, agradecendo a confiança que mereceu de uma larga maioria dos eleitores de Inhambane, prometendo ainda uma governação inclusiva logo que tome os destinos daquela que é considerada uma das cidades mais limpas de Moçambique.
Também prometeu que iria empreender esforços para cumprir com as promessas plasmadas no seu manifesto eleitoral, de modo a não defraudar as expectativas dos residentes da cidade de Inhambane.
Segundo o presidente da Comissão Provincial de Eleições, Bernardino Pires, os dados do apuramento intermédio ontem divulgados serão encaminhados ainda hoje para a Comissão Nacional de Eleições (CNE) para o apuramento final.
- Jaime Cuambe, em Inhambane
NOTA:
Comparando os resultados de 2008, com os de agora verificamos que, embora ganhando, foi a FRELIMO quem mais perdeu.
Em 2008 a Presidência foi ganha com 90,94%, resultante de 13.694 votos a seu favor. O PDD e o PT( que podemos considerar de oposição) recolheram apenas 9,06%, referentes a 1.355 votos.
Concorrendo pela 1ª vez o MDM, em 2012, teve 21,51% relativos a 3476 votos, enquanto a FRELIMO recolheu 12.682 votos, isto é, 78.49% que, em termos absolutos, é um recuo em relação a 2008. (Números provisórios)
Assim, quase triplicaram os votantes da “oposição”.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE