A ESTAÇÃO ferroviária de M’puzi, no distrito de Chicualacuala, em Gaza, reabriu ontem ao tráfego, após cerca de 36 anos de encerramento, em consequência das ameaças à segurança dos funcionários e equipamento de trabalho dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), perante as incursões armadas do então regime rodesiano de Ian Smith.
A retoma daquela infra-estrutura, agora munida de um grupo gerador e reservatório de água que beneficiará também a população local, está inserida no quadro dos trabalhos de reabilitação das estações da linha do Limpopo, num projecto financiado pela União Europeia para responder ao crescimento da carga na ferrovia.
No entender da direcção executiva dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique-Sul, a reabertura da estação de M’puzi vai criar facilidades na movimentação de pessoas e manuseamento de carga.
A linha do Limpopo, ligando o vizinho Zimbabwe e o porto do Maputo, numa extensão de 522 quilómetros, transporta anualmente cerca de 600 mil toneladas, destacando-se cargas como carvão vegetal e lenha para abastecer a cidade do Maputo e arredores.
A ferrovia do Limpopo atravessa oito estações, muito distantes umas das outras, que intervêm directamente na operação de comboios, bem como no serviço público.
O director executivo dos CFM-sul, António Bié, considera que a infra-estrutura reaberta ontem vai conferir maior segurança na circulação de comboios, reduzindo o troço de 59 quilómetros sem uma estação de controlo de tráfego, entre M’puzi e Combomune e 38 quilómetros entre M’puzi e Mapai.
“A reabertura da estação de M’puzi poderá trazer muitos benefícios aos passageiros e ao público, constituindo um entreposto comercial entre o campo e a cidade à medida que os CFM irão continuar a assumir a sua responsabilidade social já secular, fornecendo os dois comboios de passageiros por semana, bem como os comboios internos de mercadorias quinzenais”, lê-se no comunicado da empresa.
A estação de M’puzi foi encerrada devido às agressões militares do governo da Rodésia que culminou com o massacre de Mapai, a 26 de Junho de 1976, que vitimou centenas de passageiros que viajavam no comboio.