A Mozambique Leaf Tobaco, empresa fomentadora, não tem capacidade financeira para comprar o dobro da produção do tabaco dos cinco mil produtores desta cultura de rendimento distribuídos pelos distritos de Milange, Guruè, Alto Molócuè e Namarrói, na Zambézia.
Os produtores do tabaco na Zambézia, ameaçam abandonar a produção desta cultura sob a alegação de que a empresa fomentadora não está honrar com os seus compromissos de absorver toda a produção da última campanha agrícola.
O director provincial de Agricultura, na Zambézia, Ilídio Bande, esclareceu, há dias, à nossa Reportagem, a polémica instalada entre os produtores e a Mozambique Leaf Tobaco. O nosso entrevistado refutou as alegações dos produtores afirmando que a empresa que está a fazer o fomento, compra o tabaco em duas fases, sendo a primeira que corresponde ao investimento feito na aquisição da semente e assistência técnica em crédito e depois adquire a outra parte que visa compensar os esforços empreendidos pelos produtores.
Para o caso concreto da última campanha, foi feita uma avaliação agronómica do preço e, este, era extremamente bom e compensatório. Ilídio Bande explicou que, devido ao bom preço, os produtores das zonas fronteiriças como Milange, Guruè e Namarrói, para além daquilo que estava nos contratos, acabaram recebendo mais tabaco dos seus homólogos do Malawi.
“Por mais incrível que pareça, os produtores estão atentos à evolução dos preços tanto em Moçambique como no Malawi. Quando o preço é bom do lado de cá, estão todos a correr para comercializar a sua produção mas, quando é o contrário, todos fogem para o outro lado da fronteira. Há dois anos, era a própria empresa de fomento que se queixava de que os produtores estavam a vender a produção no Malawi e haviam problemas sérios de recuperação de crédito”, disse Ilídio Bande para quem é obrigação da empresa comprar toda a produção acordada nos contratos celebrados entre as partes envolvidas.
Entretanto, vários produtores de tabaco naqueles distritos localizados a norte da Zambézia, disseram à nossa Reportagem que empreenderam muito esforço para produzir, entretanto, já não têm compensação, o que torna nulo os esforços e o tempo em que se dedicaram à cultura em detrimento de outras culturas alimentares e os rendimentos que almejavam.
Por exemplo, no distrito de Guruè, a nossa Reportagem ficou a saber que a Mozambique Leaf Tobaco foi burlada pelos seus próprios funcionários. Segundo o administrador distrital de Guruè, Joaquim Pahare, os funcionários ao invés de comprarem o tabaco dos produtores locais, iam à fronteira de Molumbo levar o tabaco dos produtores malawianos que comercializavam o produto a preço de bagatela para depois venderem na empresa, longe dos gestores saberem do que estava a acontecer. Só à última hora tomaram o conhecimento de que os trabalhadores prejudicaram os interesses económicos e financeiros da empresa ao ignorar os produtores locais a quem a empresa distribuiu, em forma de crédito, a semente e assistência técnica.
Na sequência desta burla, cinco trabalhadores da empresa foram expulsos. Os visados, para além de prejudicaram a empresa, burlaram, igualmente, aos produtores, uma vez que acabaram levando 400 fardos de tabaco de produtores locais e armazenaram-no durante muito tempo tendo ficado deteriorado. Os 60 produtores prejudicados exigem uma indemnização pelos danos causados que, entretanto, não sabem se terão ou não o dinheiro em alusão.
- Jocas Achar