Embaixadores acreditados na Guiné-Bissau e representantes de organizações internacionais reuniram-se hoje em Bissau durante cerca de três horas mas do encontro apenas se disse que "foi frutuoso".
A reunião foi convocada pelo representante especial do secretário-geral da ONU em Bissau, Joseph Mutaboba, e no final foi o porta-voz das Nações Unidas, Vladimir Monteiro, quem leu uma curta declaração, sem que os jornalistas tivessem acesso a qualquer dos presentes.
O encontro, disse Vladimir Monteiro, serviu "para analisar a situação no país" à luz da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovada a 18 de maio.
A resolução, lembrou o porta-voz, pede ao secretário-geral das Nações Unidas para que se mantenha ativamente envolvido no processo de mediação e que harmonize posições dos parceiros bilaterais e multilaterais, em particular a União Africana, a CEDEAO (países da África ocidental), CPLP (países de língua portuguesa) e União Europeia.
O objetivo é "desenvolver uma estratégia integrada e abrangente, com medidas claras, destinada a implementar a reforma do setor da Defesa e Segurança, reformas políticas e económicas e o combate ao narcotráfico e à impunidade", disse Vladimir Monteiro, acrescentando que os participantes "tiveram discussões frutuosas e concordaram e manter-se envolvidos com vista à normalização da situação política e socioeconómica na Guiné-Bissau, no quadro dessa resolução".
No âmbito do encontro (no qual participou também o secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira) um grupo de elementos da FRENAGOLPE (partidos e organizações contra o golpe de Estado) esteve no local para entregar a Joseph Mutaboba uma carta de protesto pela atual situação que a Guiné-Bissau vive.
No local compareceram também elementos da Guarda Nacional que procuraram dispersar o pequeno grupo. A situação manteve-se tranquila mas viveram-se momentos de grande tensão depois, com a chegada de militares.
Pelo menos um dos elementos da FRENAGOLPE foi espancado pelos militares, à porta do edifício das Nações Unidas, onde procurou refúgio e onde foi impedido de entrar.
Depois de alguns gritos e discussão entre militares e Guarda Nacional os primeiros acabaram por se retirar. Pouco depois também a Guarda deixou o local, e de seguida os elementos da FRENAGOLP (incluindo o agredido, que saiu pelo seu próprio pé).
Na terça-feira, em conferência de imprensa, o Comando Militar, autor do golpe de Estado de dia 12 de abril, garantiu que a partir dessa altura os militares voltavam para as casernas.
FP.
Lusa – 25.05.2012