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Por: Noé Nhantumbo – Beira
Cada um escolhe os métodos que bem achar para atingir determinado objectivo.
O PR, Armando Emílio Guebuza, escolheu auscultar os moçambicanos através de deslocações pelo país a que se convencionou chamar de presidências abertas e inclusivas.
O mérito de tal método não cabe aqui discutir ou questionar.
É algo decidido e dentro das prerrogativas que lhe assistem entanto que chefe do Estado e do Governo.
O que seria e será interessante determinar é se essas visitas são positivas do ponto de vista de custo/benefício.
Se Sofala neste momento que acolhe a mais visita do Chefe de Estado tirará proveitos ou se quando ele se for embora tudo continuará na mesma.
Os problemas que o PR encontrará em Sofala não são diferentes de outras províncias do país. Mas alguns problemas são particulares dadas as condições específicas que a província de Sofala possui.
Há uma característica única desta província ser servida por um porto com uma grande importância para os países do hinterland.
As questões dos transportes ferroviários e rodoviários são de suma importância e a província precisa de ver o governo central preocupado e orçamentando as actividades fundamentais sem hesitações nem complicações de natureza política.
Há que redimensionar as estradas que servem a província e que são parte obrigatória do trânsito de milhares de camiões de grande tonelagem todos os meses.
O país visto no seu todo requer que os diversos ministros trabalhem todos os dias para encontrar soluções para os problemas nacionais. No caso de Sofala é preciso que se repensem as estradas e se dinamizem actividades visando a sua reabilitação e construção de raíz quando for caso disso. É preciso dimensionar as actividades planificadas com olhos no futuro e pensar grande ao tomarem-se decisões.
Há trabalho que já deveria ter sido feito mas infelizmente parece que alguns ministros e directores provinciais estão dormindo na sobra da bananeira.
Os buracos nas principais rodovias multiplicam-se impedindo o fluxo normal e rápido de mercadorias nacionais e internacionais.
Muitas escolas secundárias, primárias são afectadas por carências como falta de carteiras para os alunos mas o país e a província possuem recursos florestais apreciáveis que não são aproveitados para resolver um problema real.
A maior parte dos armadores de pesca nacionais estão na falência e já não se fazem ao mar. Problemas de escoamento e de aproveitamento integral de culturas como o ananas continuam a ser problemas mesmo se sua identificação há muito já aconteceu.
De uma presidência aberta como esta esperam-se resultados concretos. O dinheiro que se gasta a organizar a deslocação do Chefe de estado deve reflectir alguma coisa benéfica.
Está visto que muitos ministros estão com falta de criatividade e que precisam de um “puxão de orelhas forte”.
Tapar buracos mesmo que seja com saibro ou pedras não deve esperar que o PR visite uma província.
A importância estratégica do Porto da Beira deve ser aproveitada ao máximo para dinamizar a economia nacional e regional. Sem estradas em boas condições tudo fica mais caro e problemático.
Não enganemos o PR com brilharetes que não são e que os inspectores do Estado nos diversos domínios justifiquem o que recebem como salários apurando de facto, quais são os problemas que merecem a atenção do PR.
Há coisas que com criatividade podem ser feitas sem afectar o orçamento da província ou do país.
A responsabilidade corporativa e social tato falada nos dias de hoje pode ser dirigida para aspectos em que o governo ainda tem dificuldades de resolver.
Porque não convencer as empresas florestais a dirigirem suas contribuições para o fabrico de carteiras escolares?
Porque não trabalhar e mobilizar esforços do empresariado nacional e estrangeiro operando em Sofala para acções de manutenção de estradas? Grandes empresas de camionagem operam na cidade da Beira mas a saída de seus parques apresenta-se com buracos que poderiam ser tapados ou eliminados com pequenas intervenções coordenadas com o Conselho Municipal da Beira e com a Autoridade Nacional de Estradas. É possível fazer melhor se as entidades mantiverem níveis de diálogo e colaboração apreciáveis.
O que as entidades locais devem fazer não precisa de esperar pelo PR. Seria bom que as entidades que dirigem os diversos pelouros províncias e municipais, por sua iniciativa convidassem o PR para testemunhar suas realizações e não para ouvir lamentações dos governados nos comícios populares.
É possível transformar um exercício dispendioso que é a presidência aberta num momento d dinamização do desenvolvimento da província mas isso só acontecerá senão esconderem ao PR aquilo que não fazem ou aquilo que deveria ser feito todos os dias.
O AUTARCA – 31.05.2012