O antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, diz que estão enganados os que dizem que a Frelimo que é celebrada hoje não é a mesma de 1962, destacando que “o que acontece é que, tal como as pessoas, esta agremiação política nasceu, cresceu e transformou-se, mas que continua sendo ela”.
Dissertando no simpósio comemorativo dos 50 anos do partido no poder em Moçambique, Chissano disse que a Frelimo nasceu com ideais pensadas, desejos fortes que as gerações do 25 de Setembro e as que as precederam tiveram e procuraram materializa-los e que são essas que servem de guia no contexto actual.
O simpósio que decorre, desde sexta-feira última, na Escola do Partido na Matola, os combatentes da Luta de Libertação Nacional estão resgatar as memorias da Historia da guerra contra o jugo colonial português recorrendo a testemunhos vivos, como forma de preserva-la para que não seja esquecida nem distorcida.
Segundo Chissano, existem os que questionam se esta é a Frelimo de 1962, ou de Maio do mesmo ano criada em Acra, a capital do Gana, ou ainda de Dar-Es-Salam (Tanzânia), mas o facto é que a constituição desta organização não foi repentina, obedeceu a um processo seguido por muitas pessoas.
“Temos o caso do Simião Mazuze que hoje é Salimo Muhamed e que, apesar de ter mudado de nome, nós sabemos que é ele, porque continua a ser o mesmo”, exemplificou Chissano.
O antigo Chefe do Estado moçambicano fez notar que houve muitos movimentos que levaram a criação da Frelimo que começaram na clandestinidades e que, mesmo depois de fundada a organização, alguns deles tiveram que continuar a operar na clandestinidade. São esses grupos que discutiam o estado em que se vivia em Moçambique.
O facto, segundo Chissano, é que a sucessão de acontecimentos levou a formação de organizações como a União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO), Mozambique African National Union (MANU ) e a União Nacional Africana de Moçambique Independente (UNAMI).
Na ocasião, Chissano destacou o Núcleo de Estudantes Moçambicanos, criado por Eduardo Mondlane, nos anos (1949/1951), que serviu como base do movimento clandestino nos anos 1963/1964, como sendo uma das organizações que deu o seu contributo na formação daquilo que viria a ser a génese da criação de Frelimo.
A estes movimentos se juntaram emigrantes moçambicanos que iam trabalhar na Tanzânia, idos de diversas partes do território nacional, disse Chissano, apontando as províncias de Cabo Delgado, Niassa e Inhambane como algumas das que mais contribuíram.
“A génese da formação do movimento de libertação surge nos anos 1960/61, altura em que estes movimentos foram se aproximando uns aos outros e foram aumentando e criando núcleos que deram lugar a génese da Frelimo”, disse Chissano.
A ideia da Unidade não nos foi imposta ela surgiu no processo de luta porque já tínhamos identificado qual era a fraqueza”, disse Chissano, destacando que Mondlane quando veio a Moçambique não estava a procura de liderança mas da unidade tarefa que não foi fácil porque houve oposição.
Segundo Chissano, estes grupos ficaram impressionados quando Mondlane, que já havia visitado Moçambique em 1961, insistia na unidade como arma mais poderosa para vencer o colonialismo português e se juntaram para formar a Frente de Libertação de Moçambique.
MAD/DT
AIM – 16.06.2012