SR. DIRECTOR!
Obrigado a V. Excia pela oportunidade que me concede para a publicação desta opinião. Estou preocupado com as condições em que decorre o processo de ensino e aprendizagem dos nossos educandos. A exiguidade ou ausência de carteiras, a falta de salas de aula aliada a outros factores estão a contribuir, em larga medida, para a má qualidade de ensino.
Neste momento há um sentimento e esforço por parte do Governo, pelo menos em termos teóricos, de mudar o cenário actual em que os alunos recebem aulas debaixo das árvores, em salas sem vidro, sem carteiras. Apesar desta intenção, a sociedade, incluindo os pais e encarregados de educação ainda reclamam a qualidade de ensino oferecida nas escolas.
Pelo menos nas classes iniciais também há um esforço dos professores em pedir a colaboração dos pais e encarregados de educação para ajudar os seus educandos a fazer os deveres de casa, como forma de acompanhar o seu percurso na escola. Contudo, nem sempre os pais estão disponíveis, uns porque vão ao serviço e ficam sem tempo e outros por outros motivos.
Assim, como alternativa recorre-se ao explicador. Porém, a explicação pode trazer resultados satisfatórios assim como pode resultar em dissabores como, por exemplo, os relacionados com os abusos sexuais.
Sobre a precariedade das condições em que decorrem as aulas, é necessário que o Ministério da Educação pense e repense em melhores soluções, sobretudos nas escolas primárias que são a base de preparação forte. Não é agradável para ninguém colocar seu filho a estudar numa escola em que não existem sequer carteiras para se sentarem, guarda, água, energia, entre outras preocupações. Há casos ainda em que os vidros já não existem e os alunos ficam expostos à poeiras, frio, até mesmo chuva. São preocupações que, até certo ponto, influenciam no processo de ensino-aprendizagem.
Recentemente, o Ministério da Educação introduziu pranchas para os alunos usarem em substituição de carteiras. Contudo, esta alternativa, de acordo com uma reportagem publicada num dos jornal da capital, não satisfaz os alunos porque não conseguem permanecer o tempo que dura uma aula de forma confortável para além de provocar danos físicos.
Por sua vez, o professor também enfrenta os mesmos problemas de falta de condições para trabalhar, socorrendo-se de troncos de árvores ou “sobras” de carteira para deixar o material escolar enquanto decorre a aula.
Num país que está a pensar no desenvolvimento, onde abunda madeira, é inconcebível que as aulas decorram num ambiente em que a transmissão de conhecimentos é perturbada por falta de carteiras, etc.. É bom reconhecer que o homem tem necessidades que devem ser supridas e, para o caso do professor, o facto de auferir um salário que não chega para satisfazer as suas necessidades básicas, assim como a demora na tramitação de documentos para a mudança de categorias interfere na sua motivação como docente numa sala de aulas.
Assim, sugiro que o Governo crie condições para que as aulas decorram num ambiente aceitável, porque está provado que só com a educação é que o país pode desenvolver. É preciso investir neste sector para que o país não dependa, em larga medida, de quadros formados fora do país.
- Arménio João