VIVE-SE um ambiente de guerra na mina de Rubi, em Namanhumbir, distrito de Montepuez, resultante da disputa entre a concessionária Montepuez Rubi Mining, Lda e os garimpeiros ilegais, que têm por detrás de si cidadãos estrangeiros que pretendem continuar a explorar o minério de forma ilegal, lesiva ao Estado moçambicano. São maioritariamente naturais da Tanzania, Senegal, Somália, na companhia de nacionais provenientes, das províncias de Nampula e Niassa.
Cerca de 2000 garimpeiros ilegais já se confrontam com a segurança privada da mina e ameaçam destruir a maquinaria da concessionária, que recentemente foi adquirida para o início da exploração empresarial da mina, bem assim a construção de infra-estruturas que viabilizem a fixação definitiva da empresa, um investimento até aqui avaliado pelos accionistas na ordem de seis milhões de dólares.
Recentemente, registou-se um baleamento no interior da mina e os garimpeiros deitaram fogo à viatura da força privada de segurança, bem assim, em reunião recente, com a chefe do posto administrativo de Namanhumbir, Anastácia Clemente, alguns estrangeiros terão ameaçado queimar as máquinas pesadas, caso sejam impedidos de continuar a explorar a mina.
Clemente trabalhou com os garimpeiros na terça e quarta-feira desta semana, de quem ouviu que a empresa de segurança que foi substituída cobrava valores para que eles “garimpassem”.
Muitos deles, conforme disseram nos encontros com as autoridades locais, não o terão feito, sendo por isso que acham que ficou uma dívida que querem saldar com a continuação do garimpo ilegal.
Por outro lado, eles exigem do Governo a clarificação da situação das associações que se dizia seriam a alternativa para continuarem a explorar, bem assim a delimitação exacta da área pertencente à concessionária e aquela que deve ser explorada por elas.
“Continuamos a dizer que eles se devem organizar e que o produto do que vier das associações deve ser vendido à empresa e não aos estrangeiros que estão a explorar e semear confusão entre nós, porque, na verdade, são os estrangeiros que criam toda esta instabilidade na zona”, disse Anastácia Clemente.
Na quinta-feira, segundo a chefe do posto de Namanhumbir, já estava a receber os primeiros garimpeiros que se querem organizar para avançar com a ideia de formação de associações, que serão os interlocutores válidos para tudo o tiver a ver com a exploração fora da empresa, dos minérios na zona.
No terreno, a Montepuez Rubi Mining, Lda dispõe de 70 homens de protecção duma empresa de segurança privada, recentemente admitida, em substituição da já referida força considerada corrupta, número que pretende elevar até 120, mas diz que por si, sem a colaboração da Polícia da República, não pode fazer milagres.
O facto é que os garimpeiros ilegais, para além de numerosos, armam-se de todo o tipo de artefactos e acredita-se que haja conivência de elementos tanto da PRM como de trabalhadores da empresa, que viram os seus benefícios postos em causa com a legalização definitiva da concessionária, que já começou a operar, construindo as infra-estruturas necessárias para o seu funcionamento.
A comandante provincial da PRM, Dora Manjate, contactada a esse propósito, declinou responsabilidade, alegadamente porque “a mina de Namanhumbir já tem uma empresa de segurança privada, daí depreender-se que os últimos acontecimentos têm a ver com ela” e pede a colaboração das entidades ligadas aos Recursos Minerais e da empresa, para que ajudem a corporação a fazer face ao clima nada pacífico de Namanhumbir.
Entretanto, Dora Manjate pretende que a abordagem dessa questão seja global, porque noutras regiões da província, onde há ocorrência de minerais, igualmente se têm registado actos de uso da força para a exploração ilegal desses recursos naturais, pelo que insiste na colaboração das outras partes interessadas.
- Pedro Nacuo