A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) levantou as sanções à Guiné-Bissau e vai ajudar financeiramente o país, disse hoje em Bissau o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo.
Serifo Nhamadjo falava aos jornalistas em Bissau, à chegada da Costa do Marfim, onde participou (sexta-feira) na 41.ª cimeira ordinária da organização regional, na qual se discutiu principalmente a situação na Guiné-Bissau e no Mali, países que sofreram recentemente golpes de Estado.
Num balanço sobre a reunião, o Presidente de transição afirmou que a viagem à Costa do Marfim foi "coroada de êxitos" e disse que o relatório apresentado sobre a Guiné-Bissau foi "apreciado", porque o país "teve mais sucesso".
Já em relação ao Mali a CEDEAO considera que a governação não está a ser correta e foi sugerido o envio de uma missão de avaliação e ao mesmo tempo a colocação no terreno de uma força de estabilização, disse Serifo Nhamadjo.
Quanto à Guiné-Bissau, disse, a CEDEAO decidiu levantar, desde sexta-feira, as sanções ao país e "organizar a nível internacional o reconhecimento do governo de transição". Serifo Nhamadjo afirmou acreditar que na próxima cimeira da União Africana também sejam levantadas as sanções à Guiné-Bissau.
"Também foram instruídas a CEDEAO e a UEMOA (União Económica e Monetária Oeste Africana) para trabalharem com o governo de transição, na perspetiva de criarem condições financeiras de apoio ao orçamento geral do Estado", disse Serifo Nhamadjo, frisando que a organização regional considera "muito positivos" os progressos na Guiné-Bissau.
O défice orçamental da Guiné-Bissau, superior a 60 por cento, tem sido assumido pela comunidade internacional, a maioria a não reconhecer agora o governo de transição. "Havendo essa situação da comunidade internacional, ainda com certas reservas, a CEDEAO dispõe-se a dar esse apoio, há essa garantia dos chefes de Estado", afirmou Nhamadjo.
Segundo o governante, esse apoio já começou e a Guiné-Bissau já recebeu da CEDEAO 1,2 mil milhões de francos (quase dois milhões de euros), devendo na próxima semana receber "outra tranche".
A atual situação da Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado de 12 de abril (que tirou do poder o partido PAIGC e o primeiro-ministro eleito, Carlos Gomes Júnior) foi apoiada pela CEDEAO e sanções do bloco regional não foram visíveis no país. Serifo Nhamadjo disse que é prática da CEDEAO sancionar os países onde há golpes de Estado e que "o país estava a ser bloqueado em várias vertentes", o que deixou de acontecer.
"Porque somos responsáveis da transição, contrariamente ao que nos pretendem colar. Estamos aqui para prestar um serviço à Nação, fazendo o país voltar à normalidade constitucional, e para essa tarefa ser coroada de êxito é preciso o apoio internacional, não é com a política da cadeira vazia, das costas viradas, que se poderá ajudar o país", justificou.
Na cimeira, na qual estiveram representantes da União Africa e das Nações Unidas, Serifo Nhamadjo, disse, fez também "apelos à comunidade internacional para que ajude o país a poder voltar a uma normalidade constitucional plena".
A Guiné-Bissau precisa de fazer "uma análise profunda" das "situações que criam dificuldades", porque desde 1995 nunca um governo terminou o seu mandato. Serifo Nhamadjo disse que perante a CEDEAO considerou que as duas últimas tentativas de golpe de Estado não podem ser dissociadas do golpe de 12 de abril, e que é uma leitura simplista colar o golpe de abril com as reclamações sobre alegadas fraudes eleitorais.
Na Guiné-Bissau, "é preciso fazer um diagnóstico sério, para uma terapia adequada", disse.
FP.
Lusa – 30.06.2012