-Denuncia em Nampula, o ministro do pelouro, Mateus Kida
O Ministro dos Combatentes, Mateus Kida, insurgiu-se na cidade de Nampula, contra o consumo abusivo de álcool no seio dos seus associados.
Segundo aquele governante, maior parte das mortes que ocorrem no seio dos “combatentes da luta de libertação, defesa da pátria e soberania” nas províncias do norte do país, são em consequência directa de consumo abusivo de álcool.
Estão a beber demais colegas. Saibam que muitos estão a morrer por causa do álcool, pelo menos esta foi a constatação a que cheguei nas digressões que tenho feito e em contactos que tenho estabelecido junto dos combatentes ao longo do país - sentenciou Kida, no encontro que manteve ontem com os combatentes, na cidade capital provincial.
De acordo com o ministro, há situações em que os combatentes não levam nenhum centavo às suas famílias porque todo o dinheiro da pensão foi trocado por álcool, facto que de alguma forma está a concorrer à desestabilização de muitos lares.
Tenham pena pelo menos dos vossos filhos. Eles não têm culpa de terem sido nascidos por vocês – pediu Kida.
Para aquele governante, se as coisas continuarem a tomar o rumo que estão a ter, não haverá nenhuma quantia resultante do pagamento de pensões, bónus de reinserção social ou outro tipo de benefício social do combatente.
Com efeito, no encontro que os combatentes residentes na cidade de Nampula mantiveram com ministro, a tónica dominante foi a exiguidade, o atraso no pagamento dos subsídios referentes as pensões e outros benefícios sociais preconizados pela lei.
Manuel Rodrigues, um dos dez desmobilizados autorizado a interagir com o ministro, começou por dizer que a aprovação e consequente disponibilização dos Fundos de Inserção Social é a única tábua de salvação para o crónico problema de indigência que afecta maior parte de seus correligionários.
Eu sou alfaiate de profissão, elaborei um projecto para esta área e submeti ao posto administrativo de Muhala, para concorrer aos Fundos de Redução de Pobreza Urbana. Sabe qual foi a resposta que obtive senhor ministro? Que eu não tinha direito, que devia ir solicitar o tal crédito financeiro junto da direcção provincial do combatente – explicou Rodrigues, visivelmente agastado.
Hélio Banana, foi mais acutilante, referindo que a vinda do seu ministro à Nampula não foi para resolver os problemas dos combatentes, mas sim avaliar o “nível” de simpatia daquele grupo social junto do governo do dia, tendo em mira os pleitos eleitorais que se avizinham no país.
Teresa Vitória, combatente da luta de libertação, dirigiu-se, igualmente ao ministro para reclamar a morosidade na fixação da sua pensão desde 2002.
Senhor ministro, eu estou desde 2002 que preencho papéis atrás de papéis, com o propósito de ver se recebo a minha pensão, mas infelizmente não tenho tido resposta satisfatória.
Por seu turno, o ministro dos combatentes, Mateus Kida, reconheceu afirmando serem legítimas as reclamações dos seus associados, mas recordou-lhes que a lei do combatente está operacional há cerca de seis meses.
Que ao longo deste período, o ministério não tem poupado esforços para cumprir com o que a lei preconiza, em benefício dos combatentes.
Para além do início da fixação de pensões dos desmobilizados, processo que abrangeu três mil beneficiários, foi igualmente lançado o cartão de identificação do combatente, o registo e sistematização de dados dos desmobilizados, financiamento de 300 projectos de geração de renda, entre outras acções.
Sobre os fundos de geração de renda, a informação dada pelo ministro foi de que a exiguidade dos fundos anuais alocados pelo governo para esta rubrica, que não ultrapassa os sete milhões de meticais, faz com que não seja possível satisfazer todos os pedidos que são elaborados e enviados ao seu pelouro.
Wamphula Fax – 20.06.2012