O Presidente da República, Armando Guebuza, insurgiu-se hoje, em Maputo, contra aqueles que consideram que os moçambicanos enfrentam piores condições de vida comparativamente ao período colonial, que terminou com a independência nacional proclamada a 25 de Junho de 1975.
Guebuza, que é também Presidente Frelimo, partido no poder em Moçambique, lançou as suas críticas, quando falava hoje durante as celebrações do 37 aniversário da independência nacional.
O evento também coincidiu com a comemoração dos 50 anos da criação da Frente de Libertação de Moçambique, que foi fundado a 25 de Junho de 1962 com o objectivo de libertar o país do colonialismo português e que mais tarde tornou-se num partido político, agora na condução dos destinos do país.
“As vezes, alguns distraídos, citando dados estatísticos, dizem que agora que somos independentes somos mais pobres que no tempo colonial. Quando nas nossas casas temos energia eléctrica, ao invés de “xiphefu” (lamparina tradicional e petróleo), ficamos mais pobres! Quando temos telefones móveis, que não existiam na altura, ficamos mais pobres! Quando temos mais escolas que no passado ficamos mais pobres!”, questionou Guebuza.
“Esta é uma maneira esquisita de pensar e que só nos distrai da realidade”, acrescentou o estadista moçambicano, falando para os milhares de pessoas que acorreram ao bairro suburbano de Zimpeto, onde decorrem as cerimónias centrais dos 50 anos da Frelimo e dos 37 anos da independência nacional.
No seu discurso, Guebuza sublinhou que os progressos registados desde 25 de Junho de 1962 e desde 25 de Junho de 1975, de longe ultrapassam os registados nos 500 anos da dominação estrangeira.
“Aqui mesmo, nesta Cidade de Maputo, temos muitos exemplos desses avanços impensáveis na noite colonial o caniço foi substituído pela alvenaria; a lamparina pela luz eléctrica; a escola, a unidade sanitária e a fonte de água galgaram distâncias para estarem mais perto de muitos mais compatriotas nossos e nalguns casos até entraram nos seus quintais; a concorrência entre estações de serviço nos subúrbios instalou-se em resposta ao parque automóvel que cresceu como que em catadupa”, disse, a ponto de exemplo.
Segundo o estadista moçambicano, na era colonial, o acesso ao ensino era uma miragem para a esmagadora maioria dos moçambicanos e contava-se aos dedos das mãos o número de moçambicanos com a quarta classe concluída. Contudo, hoje é preciso muitas mãos para contar o número de compatriotas licenciados pelas universidades nacionais.
Por outro lado, muitas sedes distritais e postos administrativos do período da dominação estrangeira eram iluminadas pela lua ou lamparina, quando hoje milhares de moçambicanos têm acesso a energia eléctrica gerada pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
“Para citar um exemplo recente, passamos, como Moçambique, de um universo de sete por cento, com acesso à energia eléctrica, em 2004, para 32 por cento, em 2011. Este é um salto gigantesco para todos os efeitos e descrições! Continuamos, contudo, a alargar a rede”, disse ele.
Contudo, apesar dos avanços registados nas diversas áreas sociais e económicas, Guebuza disse que, para os próximos 50 anos, os desafios da Frelimo prendem-se, em primeiro lugar, com a sua capacidade de continuar coesa, visionária.
Igualmente, Guebuza disse que o seu partido tem o desafio de manter na sua estrutura a democracia interna; a renovação na continuidade; a auto-superação; e a adaptação constante a cada etapa da evolução de Moçambique e do mundo para, segundo referiu, continuar a ser a principal força protagonista dos processos nacionais.
“É a Frelimo, a força política fundada e fecundada pela Unidade Nacional que, neste contexto dos próximos cinquenta anos, tem o desafio de assegurar, através da sua omnipresença, apropriação e realização da agenda do nosso maravilhoso Povo, uma agenda que tem no seu epicentro a consolidação da Unidade Nacional. O moçambicano deve sentir-se moçambicano em qualquer espaço geográfico da nossa Pátria Amada”, disse Guebuza.
Além da população no geral, membros e simpatizantes da Frelimo, corpo diplomático acreditado em Maputo, entre outros dignatários, a celebração dos 50 anos da Frelimo e dos 37 anos da independência nacional também contou com a com a participação de representantes de diversos partidos políticos amigos da Frelimo, como são os casos do ANC da África do Sul, Chama Cha Mapinduzi da Tanzânia, BDP do Botswana, MPLA de Angola, Swapo da Namíbia, Zanu-PF do Zimbabwe, MLSPT de São Tomé e Príncipe bem como dos partidos comunistas da China e do Vietname.
MM/SG
AIM – 25.06.2012
NOTA:
Repito: a “lamparina foi substituída pela luz elétrica” porque Portugal construiu Cahora Bassa. Mais, metade do vencimento do Sr. Presidente Armando Guebuza é “oferecido”, isto é, doado por cidadãos não moçambicanos, e a quem ele deveria estar grato. Mas não está!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE