O continente africano, em particular, foi bastante dilacerado pelas potências colonizadoras, principalmente, vindas do velho continente.
Ao que a História nos manda conhecer, as primeiras aparições dessas potências ditavam a questão comercial como o seu objectivo primordial. Afinal de contas, o comércio é que intensifica as relações entre as sociedades.
Para o azar dos moçambicanos, o colonizador foi Portugal que, quando por cá se mostrou, dizia que estava à procura das Índias. Vasco da Gama foi o mais sorteado dos descobridores, pois, como reza a História, conseguiu transportar o Cabo de Boa Esperança e escalou Inhambane, tendo baptizado este espaço territorial de “terra de boa gente”, em virtude de ter sido bem acolhido, já que havia calhado com um dia chuvoso.
Diz a História que Vasco da Gama continuou com a sua viagem, pois, o objectivo da sua “digressão” era atingir o centro do comércio, por onde partia muitos produtos preciosos e de adorno como persianas, porcelanas, missangas, etc. Se a minha memória não me desmente, o português conseguiu alcançar o seu fim, só que, infelizmente, não voltou a pôr os pés no seu solo pátrio.
Ora, a partir desta passagem pelo Moçambique, os outros lhe seguiram as peugadas, tendo escalado o actual nosso território, com a finalidade explorar as rotas comerciais. Os imperadores de então tentaram impor-se, outros, facilmente, foram “domados” e o forasteiro arranjou espaço e se instalou, embora com forte resistência de alguns reinos nativos.
As guerras pela ocupação foram titânicas, os imperadores nativos foram derrotados, e o seu fim foi deportação para os Açores portugueses. Gungunhana, Xixaxa e poucos outros, os considerados mais rebeldes e resistentes, tiveram esse caminho. E para os ludibriar, chegados lá, o colonizador fê-los casar com mulheres europeias. Ninguém se admire ao chegar a uma terra portuguesa encontrar lá um “Zixaxa”.
A sua origem é de cá da praça moçambicana. O tempo foi passando, contudo, ninguém, de forma geral, se conformava com a colonização, mesmo de depois de a Conferência de Berlim ter dado um destino hostil ao território que hoje se chama Moçambique. Diz a História que Portugal foi um dos organizadores, assim como Alemanha e poucos outros países europeus que se viam com interesses no continente negro.
O português colonizador iniciou com a sua ocupação efectiva, instalou as famosas companhias majestáticas como forma de cimentar a sua ocupação, uma vez que não tinha capacidade de pôr a máquina colonial em pleno funcionamento.
Assim, o país foi ocupado, os moçambicanos sofreram das piores sevícias. Tudo quanto era feito tinha como fim satisfazer os caprichos coloniais. Os rebeldes, esses eram deportados para outros países colonizadores pelo país luso. Por conseguinte, temos cá entre nós gente com apelido Semedo. Que eu saiba, esta gente é da origem cabo-verdiana. Tantos outros nossos compatriotas vieram de outras terras, uns para cumprir serviços da reclusão, outros, pura e simplesmente, porque não se compadeciam com o poder colonial de então.
- Arlindo Oliveira