Crianças em idade escolar e outras já matriculadas no presente ano lectivo, estão a preterir a escola para se dedicarem à actividade de exploração mineira nas regiões de Maraka e Nathove, localizadas nos postos administrativas de Nametil e Iuluti, no distrito de Mogovolas, na província setentrional de Nampula.
Segundo Aurora Nampuio, chefe dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia, a preocupação do sector que dirige, resulta do receio de um possível efeito “contagiante” que esta tendência pode ter junto de outras crianças, pais e encarregados de educação.
Segundo a nossa fonte, maior parte dos alunos que migram para as minas de Maraka e Nathove, não participam directamente no processo de mineração, sendo que eles são usados como empregados dos garimpeiros, para tarefas de acartar água, lavar roupa, entre outras actividades.
A nossa interlocutora não quantificou os valores médios que cada criança amealha mensalmente, mas disse saber que os mesmos são “aliciantes” para o nível de vida que os seus familiares levam, dependentes inteiramente da agricultura.
Questionamos ao administrador do distrito, Alberto Namahala, sobre como o governo pensa ultrapassar esta questão, prejudicial para o processo de ensino e aprendizagem no distrito.
Sobre o facto, o nosso interlocutor disse ser difícil resolver o caso de forma administrativa, uma vez que a mesma tem a ver com a necessidade de aumento da renda por parte de muitas famílias que decidem autorizar seus filhos para participarem na actividade de garimpo.
“Os valores que estas crianças ganham são, muitas vezes, usados para a compra de catanas e enxadas, dai que não podemos combater esta prática administrativamente. Tem de ser com acções concretas de forma a não prejudicar as famílias” – disse o administrador distrital de Mogovolas.
Segundo Namahala, a saída que se encontrou para contornar o problema, foi de aproximar cada vez mais as salas de aulas às populações, para “desencorajar” estas fugas.
É neste contexto que, em Nanthove, foram construídas algumas salas de aulas que, a partir do próximo ano, poderão absorver a maior parte das 300 crianças em idade escolar e as que tiveram de desistir das aula para se dedicarem às actividades de mineração.
Quanto à região de Maraka, por a mina lá existente ter sido concessionada a um operador privado, este terá que construir também salas de aulas, no âmbito da responsabilidade social da empresa.
O distrito de Mogovolas conta com 154 escolas, entre as de nível primário e secundário, nas quais foram matriculados este ano lectivo 54.545 alunos.- Assasse Issa