A adesão ao catolicismo é feita por uma questão de fé em Deus, na pessoa de Jesus Cristo. Esta é uma questão pessoal, que acontece no íntimo de cada um.
Então, o batismo e todos os restantes sacramentos têm a sua razão de ser. Da mesma forma as suas regras, os seus mandamentos. Além disso, todos os seus aderentes têm uma postura social, de acordo com os valores da sua religião.
Mas existem outros cristãos, que querem ir para além de tudo isto, e consagram-se a esse mesmo Deus, para fazerem das suas vidas uma dádiva em serviço e favor, do espírito dessa boa notícia, que conhecem.
São as Freiras, Frades, Padres, Bispos, Cardeais, terminando na cúpula, com o Santo Padre. Consagraram-se para poderem dar Deus aos outros, orientar espiritualmente o seu “rebanho”. É a hierarquia da igreja, e os seus membros são tidos em grande consideração e respeito pelos cristãos.
A boa nova lançada por Jesus Cristo, no nosso mundo, resume-se a dois mandamentos: amar a Deus e amar o próximo como a nós mesmos. Isto acaba por se revelar numa grande exigência pessoal. Mas é um fator de paz, a postura dos cristãos no mundo, que desta forma, acabam por o mudar, fazendo na relação entre as pessoas, um mundo melhor.
Rapidamente expandida por todo o mundo, tem no entanto desde sempre, sido contestada e perseguida. Nunca foi tão perseguida como nos tempos que correm. Mas porquê, é a pergunta que ocorre a qualquer pessoa? A resposta é longa e complexa, mas simplisticamente se poderia dizer que, esta postura pacífica, do bem, não interessa aos ditadores das nações, nem aos que não querem ter medida, nas suas posturas pessoais. Mas poder-se-á acrescer também as perseguições exercidas por outras religiões, e de uma forma acentuada e brutal, pelo Islão.
Chegando aqui, vale a pena separar as duas realidades da vida do homem. A primeira, a realidade física que todos temos, e em que vivemos, com a ciência a ajudar a perceber as suas leis, e a segunda, a realidade espiritual, para a qual todos sentem “fome”, da mesma forma como acontece fisicamente.
É assim que, a esperança de paz, justiça, verdade e… prosperidade, são uma consequência da vinda de Jesus Cristo ao mundo, e daí, a importância tão grande para os seus “pastores”. Daí também se conclui que, quando existe desvirtuamento da função de um só que seja, as consequências são graves para a difusão do Evangelho.
Todos nós assistimos magoados e estupefactos à postura do Bispo Januário Torgal Ferreira numa entrevista na televisão. Entra desabridamente no campo da “política”, para o qual não está mandatado, com o intuito de amesquinhar a direita, insultando o governo, apontando a apologia dos Partidos socialista e comunista tão no seu coração. Esconde-se atrás da batina, do cabeção e do título de Bispo, fazendo a apologia da esquerda, e do comunismo, afirmando ser o único Partido que protege os pobres.
Mas não é o único. Padres há que, sendo Párocos, se candidatam pelo Partido Socialista ao cargo de Presidentes de Junta da sua Paróquia e fazem campanha política. Padres há que, do alto dos altares, lançam-se nas suas homilias pelos campos do escondidamente “político”, proferindo palavras de ordem de Partidos Políticos.
Quem perde é sempre a Igreja Católica, e não os Partidos políticos que querem atacar. A postura da Igreja Católica não é política, mas exclusivamente religiosa, e dentro do campo do bem. A atuação contrária por alguns elementos da sua hierarquia, resulta sempre na divisão do rebanho que apascentam, e é revelador de um instalado conceito relativista, que tudo lhes justifica. Os cristãos querem uma hierarquia Santa e de Deus. Nem políticos nos altares, nem padres na Assembleia da República, nem um Bispo num Governo de salvação nacional.
Esta promiscuidade, em tão poucos elementos, graças a Deus, mina a credibilidade do Evangelho, e faz o mundo olhar para a Santa Sé, como um país a invadir-lhe os seus domínios. Atente-se ao que se está a passar com a China e a perseguição aos cristãos. Em parte, é por causa deste género de “consagrados”, que os cristãos são perseguidos na China, Coreia do Norte, Cuba e tantos outros países.
Vivi cinco anos num país africano, sob o regime comunista. Constatei o que esse regime fez a esse país, em pouco tempo: a Igreja Católica foi perseguida; expulsaram, enxovalharam, assassinaram Padres; despojaram a Igreja dos seus bens; transformaram um país pujante, no terceiro mais pobre do mundo; o povo passou a “morrer de fome”. É este o regime político, que Januário Torgal Ferreira apregoa como protetor dos pobres.
Os Bispos em união com o Papa, precisam de encontrar uma solução, em tempo, para “os pastores” que perdem e dispersam as ovelhas do Seu rebanho” (Jer 23, 1-6), afastando-os do seu seio, sem esperar que seja mais tarde Deus a dizer-lhes, que “nunca os conheceu”.
João Maria Neves Pinto
2012/07/25