DANTES era muito lamentável o que se passa com a importantíssima ponte da Ilha de Moçambique, na província de Nampula, no que concerne principalmente à sua acelerada degradação, a ponto de constituir um sério risco para circular nela.
Foram necessários tantos discursos laudatórios para se concretizar a sua reabilitação. Hoje a ponte apresenta um aspecto elegante e fortificante de desenvolvimento. É que a conclusão das obras de reabilitação da ponte fez com que a ilha mudasse, operando-se outras grandes alterações que são determinantes para o desenvolvimento, tanto da parte insular, assim como continental. Ou por outra, quem hoje se desloca ou passar por aquela ponte não deixará de notar as diferenças existem em termos de conservação da infra-estrutura, por comparação com o passado não muito distante.
Há coisas impressionantes que acontecem ali, mas sobretudo as más, que nos chamam a atenção para a consideração, e sobretudo reflexão profunda e ponderada, para a partir daí tomarem-se medidas que, na minha modesta opinião, são pertinentes com vista a corrigir. São coisas de circulação que se vivem depois que se concluiu a reabilitação, bem como electrificação da ponte, e que não se podem arrastar por muito mais tempo, a menos que queiramos cair no caos, ou começar tudo do zero.
O facto é que a indiferença pelo perigo de morte e a violação de normas elementares de trânsito na ponte são somente alguns dos resultados da ambição de ganho de lucros por parte, sobretudo, de certos automobilistas dos vulgos “chapas”. A perigosidade e delicadeza das atitudes assumidas por eles sugere a adopção de acções urgentes e coordenadas entre o executivo distrital e municipal, incluindo a Polícia de Trânsito. Aliás, é um problema que só se conseguirá ultrapassar se todos não se demitirem das suas responsabilidades de instituições competentes. As passagens são muito mal feitas pelas viaturas, como nunca antes sucedera. Semana passada foi por pouco que duas viaturas que fazem o transporte de semicolectivo de passageiros não se embateram frontalmente na ponte, devido à falta de respeito das regras de trânsito, principalmente do lado do motorista da viatura que vinha da parte insular para o continente. Houve muitos gritos de socorro dos passageiros, outros tentaram saltar para a água, com ainda o carro em movimento. Não faz qualquer espécie de sentido o que se nota ali.
Alguns passageiros da viatura que vinham da cidade de Nampula disseram que não era primeira vez que cenário idêntico acontecia na ponte, pois já tinham vivido situações semelhantes inolvidáveis nunca antes experimentadas naquele local, que os levam a ter medo sempre que queiram viajar para a Ilha de Moçambique. O que mais suscitou curiosidade, por minha parte, no meio de tanta desordem ou anarquia que acontece ali, como naquele dia, é o facto de não estar ninguém da autoridade, neste caso da Polícia de Trânsito, que possa controlar a travessia e penalizar os desordeiros. Será que é um problema que tem merecido pouca atenção por parte das autoridades ou ainda não perceberam que a verdade é que, para mal dos nossos pecados, esta realidade tem uma tendência crescente que urge acabar?
É certo que a ponte está em melhores condições de circulação, mas é preciso que se obedeçam às regras; se tenha respeito pela vida, tanto quanto numa altura em que a prevenção rodoviária aparentemente continua um combate perdido no nosso país, a avaliar pelas mortes que os acidentes de viação causam todos os dias, porque os automobilistas têm feito ouvidos de mercador.
Portanto, é preciso pôr fim ao actual cenário que se vive na ponte da Ilha de Moçambique. Impõe-se, assim, que a situação seja prontamente corrigida, em beneficio dos utentes.- Mouzinho de Albuquerque