Editorial
A cidade de Maputo, a capital da República de Moçambique acolhe amanhã e depois(19 e 20 de Julho), no Centro Internacional de Conferências Joaquim Alberto Chissano, a IX Conferência dos Chefes do Estado e de Governo da Comunidade de Países da Língua Portuguesa(CPLP). A reunião magna da Comunidade que congrega os Países e Povos falantes da língua de Camões, será um espaço propício para em resumo, diagnosticar-se os problemas que enfermam a mesma, desde a crise política na nossa - digamos - perdida Guiné-Bissau e outros que não fugirão à agenda dos estadistas.
Mas, longe de debater as crise políticas e sociais que atravessam os membros da organização, acreditamos nós- neste espaço - que esta é uma ocasião ímpar para os Povos questionarem aos seus dirigentes que se encontrarão em Maputo, a questão fulcral de todo este enredo: O ACORDO ORTOGRÁFICO. Mesmo se sabendo que, em alguns países este dossier foi entregue e/ou canalizado aos respectivos Parlamentos para apreciação, discussão e aprovação, entendemos ser oportuno, ou melhor, que haja explicações convincentes, como será a sua articulação depois de aprovação.
O essencial - entendemos nós - não é a aprovação pelos respectivos Parlamentos, mas sim, a sua aplicação. Aqui residem as nossas dúvidas, ansiedades e perspectivas. Não somos pessimistas. Mas, cautelosos.
A nossa cautela reside na forma como iremos encarar o futuro pois, a partir dos próximos dias, nunca será como dantes, principalmente, a partir da vigência do mesmo. Mas, mais do que este acordo, a CPLP deve ser um espaço de convivência sã entre os respectivos Povos. Não se percebe como cidadãos da mesma Comunidade são maltratados neste mesmo espaço. As queixas vem de todos os cantos. Há milhares de compatriotas nossos que desesperam para receber um visto só para chegar à Lisboa mas, vice-versa, há muitas facilidades. Como diria o São João, alguns estrangeiros, entram em Moçambique como se de mercadorias se tratassem. As nossas fronteiras estão abertas para aqueles que querem conviver e cooperar. Então, a questão dos vistos é um outro assunto que deve ser tratado com alguma se pode permitir na organização que um dirigente fique à frente dos destinos do País acima de cinco ou seis mandatos. Nesta parcela, os recursos devem beneficiar a todos os seus habitantes. Em resumo, é esta CPLP que reconhece a diferença, em todos âmbitos e plenitude que devemo-nos preocupar com ela. A CPLP deve continuar com o sonho dos melhores filhos da organização, falámos de Samora Machel, Agostinho Neto, Luís Cabral, entre outros. Só respeitando a memória colectiva, a organização estará a dar um gigantesco passo rumo à socialização; uma socialização que se requer justa. Este espaço deve ser de solidariedade.
Um espaço onde não haja hegemonia e nem demonstração de forças. Assim sendo, os dirigentes da organziação, não estarão a prestar um favor, mas sim, deixarão um legado cujos continuadores usarão como referência obrigatória de conduta para os respectivos Povos.
VERTICAL – 18.07.2012