MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Jaime, como estás?
Eu e a minha família estamos bem, felizmente.
Hoje queria-te falar sobre coisas do desporto. Ficaste admirado, por saberes que não é uma área que me interesse muito? Mas o facto é que os órgãos de informação estão cheios de notícias sobre desporto e eu, queira ou não queira, acabo por ficar a saber de coisas que, em princípio, não me esforço por saber.
E algumas até dão bastante satisfação. Por exemplo, os jovens praticantes de uma modalidade de artes marciais, com um nome complicado, que foram aos Estados Unidos para um Campeonato do Mundo, competindo com outros cerca de 40 países, e trouxeram 14 medalhas, das quais cinco de ouro.
Não achas uma enorme injustiça gastarmos tanto papel e tinta de impressão, já para não falarmos em tempo de antena, com o “rei” futebol, que só nos dá desgostos, e tão pouco valorizarmos uma modalidade como esta, ou como o hóquei em patins, bem mais úteis para a nossa, tão falada, auto-estima?
Creio que foi difícil conseguir meios para fazer deslocar os atletas aos Estados Unidos. Meios que não faltam para deslocações e estágios das equipas e selecções de futebol, sabendo nós que estas não vão passar das primeiras fases das eliminatórias de todos os campeonatos internacionais em que participam.
E, já que falamos de futebol, queria comentar contigo outra coisa: aquilo que, na Rádio Moçambique, é referido como o “jogo falado”. Estou-me a referir às declarações dos treinadores das equipas, antes e depois dos jogos.
Um desses treinadores é famoso pelas suas declarações, Artur Semedo. Muito provavelmente um excelente treinador, mas permanentemente com declarações do tipo “há pessoas que não gostam de mim”, “por muito que desagrade a certas pessoas”, “as dificuldades que me são criadas por certas pessoas”. Esse tipo de declarações cria um permanente ambiente de mal-estar, de conflito latente, pouco agradável numa actividade que, sendo de competição, deve ser, igualmente, de festa.
Com a saída de Semedo da equipa que treinava, julguei que, até ele estar de novo noutra equipa, iríamos ter algum descanso nesse tipo de comentários. Engano meu. Há dois ou três dias voltei a ouvir o mesmo tipo de acusações contra “algumas pessoas”, na Rádio Moçambique. A voz e o sotaque não eram do Semedo, mas de um treinador português cujo nome não recordo. Mas o discurso, esse, era igualzinho. Antigamente diríamos que era tirado a papel químico. Hoje podemos dizer copy/paste.
E por aqui me fico neste esvoaçar sobre a área do desporto.
Um abraço para ti do
Machado da Graça