Líderes tradicionais do distrito de Lalaua, província de Nampula, clamam por melhor tratamento e consideração por parte das autoridades locais, sobretudo no que respeita ao desempenho das suas funções.
Os queixosos pedem, por outro lado, a não interferência das autoridades administrativas de Lalaua naquilo que consideram ser acções da sua exclusiva competência, como, por exemplo, no que tange à gestão e conservação dos recursos naturais, em particular florestais.
Os líderes comunitários desta zona da província de Nampula denunciam, face a esta interferência das autoridades locais, prisões arbitrárias protagonizadas pelos fiscais florestais em conivência com os agentes da Polícia da República de Moçambique influenciados pelos operadores florestais e faunísticos que operam naquela região interior.
Uma das competências atribuídas aos líderes tradicionais em todo o país, sendo que Lalaua não constitui uma excepção, relaciona-se com a gestão, em parceria com as comunidades locais, dos recursos naturais de uma forma geral.
Álvaro Elias, régulo da comunidade de Invato disse à nossa Reportagem que “os operadores florestais que operam em Lalaua-Sede instrumentalizam as autoridades governamentais do sector das actividades económicas para enviarem a Polícia a fim de deter os membros da autoridade comunitária alegando que exigimos suborno para deixar passar madeira abatida ilegalmente”.
Segundo ele, tudo isso não passa de uma manobra para escapar ao cerco que as autoridades tradicionais no distrito têm vindo a apertar, nos últimos tempos, com relação aos operadores florestais furtivos.
“Nós temos os nossos benefícios quando os recursos são explorados de forma legal que estão previstos por decisão governamental, por isso não vamos vacilar em relação a todos aqueles que pretendem reduzir os nossos benefícios” - enfatizou numa clara referência aos 20 por cento do valor global cobrado pelo fisco ao operador no acto do seu licenciamento que reverte a favor da comunidade.
Noutro passo a nossa fonte concordou que haja no distrito operadores florestais honestos e que actuam devidamente licenciados. Entretanto, estes têm sido interpelados de forma sistemática pelas comunidades causando um certo desconforto facto que na óptica do régulo Invato é uma consequência da ausência total de coordenação entre o sector das actividades económicas e as comunidades na acção fiscalizadora dos recursos naturais.
Lalaua é uma região que se pode considerar ainda virgem no que tange à exploração do seu potencial em recursos naturais desde a fauna, florestas e minérios. Devido à melhoria do nível de transitabilidade das vias de acesso mercê da intervenção do Governo nesse sentido nos últimos tempos, assiste-se a um crescimento do número de operadores mineiros e florestais em particular que preferem operar naquele distrito.
No entanto o administrador de Lalaua, João Nkeka assumiu as inquietações dos líderes tradicionais do distrito prometendo transformar as mesmas em desafios que possam influenciar a adopção de mecanismos julgados convenientes e de consenso de gestão conjunta dos recursos naturais.