O jornal português "Luso Americano", que se publica nos E.U.A., divulgava no seu número 1908, a seguinte noticia proveniente de Lisboa:
"Segundo recentemente revelou Pinheiro de Azevedo, Otelo Saraiva de Carvalho recebe hoje 150 contos por mês, 80 dos quais pagos pela Frelimo.
Pinheiro de Azevedo fez a revelação durante um jantar num restaurante de Loures, onde durante duas horas atraiu a atenção dos comensais com outras revelações e comentários.
O autor da recente carta aberta a Ramalho Eanes referiu-se também aos seus mais conhecidos críticos, classificando o cap. Sousa e Castro de "Rudolfo Valentino do Cais de Sodré" e Vasco Lourenço de "um falso pegador de toiros". Revelou ainda ter sofrido já três ataques à pistola e dois à bomba.
O que se sabe é que Otelo é natural de Moçambique e que foi um dos negociadores da independência desse território. Sabe-se também que usando da autoridade moral que lhe conferia o facto de ser um dos lideres do M. F.A. "simplificou" as conversações para a independência que decorreram em Lusaca após o 25 da Abril entre representantes da Frelimo e do governo provisório português.
Por ironia, foi Spinola quem o integrou na comitiva — como Otelo um dia disse — para, em nome do M.F.A., "vigiar Mário Soares", então ministro dos Negócios Estrangeiros e condutor dos processos de descolonização."
O RETORNADO – 15.11.1977