No regresso esta manhã do périplo euro-latino americano, o Primeiro-ministro Patrice Trovoada anunciou que enquanto os Tribunais não julgarem o caso STP-Trading, serão todos os são-tomenses a pagar os 5 milhões de dólares concedidos pelo Brasil, e que foram mal geridos pelos comerciantes são-tomenses.
O Chefe do Governo disse que apresentou ao Governo brasileiro, através do Ministério do Comércio e Desenvolvimento Externo, uma proposta de financiamento para adução de água potável e saneamento do meio aos distritos de Mé-Zochi e Água Grande. A proposta não teve aceitação imediata, por causa da linha de crédito de 5 milhões de dólares atribuída a São Tomé e Príncipe desde o ano 2008, para importação de bens alimentares.
Por isso Brasil cancelou a atribuição de fundos para ajuda ao desenvolvimento a favor de São Tomé e Príncipe. «Enquanto os famosos 5 milhões do caso STP-Trading, não forem resolvidos juridicamente não temos mais acesso a este dinheiro», declarou Patrice Trovoada.
O Primeiro-ministro acrescentou que preferiu negociar com o Governo brasileiro, a possibilidade de reescalonamento da dívida de 5 milhões de dólares. Processo que implica a assunção da dívida pelo Estado são-tomense, ou seja, por cada um dos cidadãos são-tomenses. «Essa proposta deverá ser aprovada pelo senado brasileiro, e só então, poderemos ser selecionados para beneficiar de mais dinheiro público do Brasil», pontuou.
Trovoada, esclareceu que enquanto a Justiça são-tomense não julgar o caso STP-Trading, a dívida será paga pelos são-tomenses. «Quando o Tribunal der solução ao caso, poderemos começar a pagar a dívida.
Enquanto não der solução, todos os são-tomenses vão pagar. É isso que fizemos o reescalonamento da dívida, será pago por todos os são-tomenses», precisou Patrice Trovoada.
Note-se que no ano 2008, São Tomé e Príncipe beneficiou de uma linha de crédito do Governo Brasileiro na ordem de 5 milhões de dólares, para importação de bens alimentares a partir do mercado brasileiro, para o abastecimento do mercado são-tomense.
Na altura o Governo de Rafael Branco, entregou a linha de crédito à uma empresa composta por comerciantes são-tomenses, a STP-Trading. Grupos privados nacionais como Hull Blyth, e D&D ( Domingos(Nino) Monteiro e Delfim Neves), destacaram-se na administração da empresa, respectivamente na Direcção Financeira e na Direcção Comercial. Uma estrutura Directiva que tinha como Director Geral, o Intendente Armando Correia.
A maior parte da mercadoria importada pela STP-Trading a partir do mercado brasileiro, chegou a São Tomé em avançado estado de deterioração. Outros produtos não serviam para o consumo humano, ou não constituíam hábito alimentar dos são-tomenses.
Foi um fracasso total. A STP-trading não conseguiu pagar o crédito de 5 milhões de dólares. O caso subiu para os Tribunais. Desde 2010 que se aguarda pelo julgamento.
Abel Veiga
Tela Non 28 Junho 2012