Os veteranos do PAIGC, partido histórico da Guiné-Bissau, criticaram, em carta aberta, a postura do Internacional Socialista ao convidar o primeiro-ministro do Governo deposto, Carlos Gomes Júnior, para a sua última reunião realizada em Cabo Verde.
A carta, assinada por veteranos do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), Manuel 'Manecas' dos Santos, Samba Lamine Mané e Armando Ramos, critica o facto de Carlos Gomes Júnior ter sido convidado para a reunião da Internacional Socialista.
"Lamentavelmente, a Internacional Socialista acolheu no seu seio como representante de um dos seus membros (PAIGC), o senhor Carlos Gomes Júnior que durante alguns anos encabeçou um regime despótico, tirânico, criminoso e sanguinário", lê-se na carta aberta.
Os subscritores da carta aberta, todos antigos governantes, voltam a frisar o facto de, na sua opinião, o golpe de Estado que derrubou Carlos Gomes Júnior a 12 de abril passado, ter sido "um mal necessário" para a Guiné-Bissau.
"Na verdade, ninguém apoia golpes de Estado, mas quando ele põe termo a uma tal situação de nepotismo, corrupção desenfreada, e os militares, protagonistas do golpe, renunciam voluntariamente ao poder, a sociedade agradece", dizem os subscritores da carta aberta dirigida à Internacional Socialista.
Para os veteranos do PAIGC, constituiu "um misto de deceção e revolta" o convite feito a Carlos Gomes Júnior para ser o representante do partido na reunião da Internacional Socialista.
Lembram aos responsáveis da organização socialista que o PAIGC foi o autor da luta armada "que libertou a Guiné-Bissau e Cabo Verde e consequentemente Portugal da opressão fascista de Salazar e Caetano".
MB.
Lusa – 31.07.2012