O governo moçambicano "gasta uma fortuna" com fardas e subsídios para líderes comunitários que, não constando da hierarquia oficial, representam o Estado nas comunidades e são contestados por impedirem a implantação da oposição nas suas zonas.
"O governo gasta uma fortuna anualmente com os líderes comunitários" admitiu Manuel Rodrigues Alberto, porta-voz do 18º Conselho Coordenador do Ministério da Administração Estatal (MAE), que decorreu esta semana em Gondola, Manica, no centro de Moçambique.
Este ano o governo desembolsou mais de 13,2 milhões de meticais (cerca de 370 mil euros) na aquisição de fardamento para 15 mil novos líderes comunitários e deverá ainda gastar 27 milhões de meticais para pagar subsídios a este grupo, indicou a mesma fonte.
Os líderes comunitários, com voz ativa nas respetivas regiões sobretudo para convocarem a população para reuniões governamentais, têm sido alvo de muitas críticas devido à sua ação de bloqueio da implantação de partidos da oposição, atitudes que geralmente justificam com o cumprimento de ordens dos seus superiores hierárquicos.
Recentemente em Ganhira (Gondola) um membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), viu ser-lhe expropriada uma quinta e foi obrigado por líderes comunitários a abandonar a região, por pertencer à oposição, segundo uma queixa do MDM enviada à Procuradoria de Manica.
A Renamo e o MDM, denunciaram também a vandalização das suas sedes e violência verbal contra os seus membros nos distritos de Gondola, Sussundenga, Barue e Guro. Entre os instigadores dessas ações estão, segundo os partidos da oposição, líderes comunitários, chefes de polícia e administradores distritais.
"Eles são um instrumento de repressão, por estarem baseados em zonas menos democráticas pois a justiça lá não chega. São criados para exterminar a oposição, por isso este carinho e atenção do governo nos últimos anos. Com a farda sentem-se mais autoridade", disse à Lusa Chico Madeira, militante da Renamo.
Nos oito anos de governação do Presidente moçambicano Armando Guebuza, os líderes comunitários começaram a ter lugares prestigiados, sobretudo nas "presidências abertas", com direito a reuniões exclusivas, para troca de impressões e recomendações com o PR.
Vários lideres comunitários receberam mobília e casas, que foram construídas para o chefe de Estado pernoitar, aquando das "governações inclusivas", incluindo "presidências abertas paralelas", da primeira-dama.
AYAC
Lusa – 19.08.2012
NOTA:
Sempre a “comprar” votos. Viva a FRELIMO!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE