A maior atracção da 48a edição da FACIM é a feira de produção animal. Francisco Alexandre Mandlate é trabalhador da AAA Enterprise, uma empresa de criação e venda de pele de crocodilos. A firma de capitais privados internacionais tem, neste momento, três mil crocodilos, acomodados em pântanos artificiais em Namaacha, na província de Maputo, onde está a sede da empresa.
O negócio de criação e venda de crocodilos é muito curioso. Alexandre Mandlate explica que os animais, quando crescidos, são vacinados e lhes retirados os dentes ponteagudos para que possam ser controlados pelo Homem e evitar o pior.
Crescem em pântanos artificiais, sob cuidados de especialistas e, depois de atingirem a maioridade, são mortos e lhes é esfolada a pele para a venda no mercado internacional, em particular na vizinha África do Sul e na União Europeia.
“Não há perigo nenhum neste trabalho. Nunca tivemos casos de morte ou acidentes com os crocodilos”, diz Alexandre Mandlate, sentado ao lado de dois crocodilos pequenos.
Nos últimos anos, de acordo com o nosso entrevistado, o principal mercado tem sido a União Europeia, onde a pele de crocodilo é usada para produção de vestuário, incluindo calçados, entre outros produtos.
Os animais, os cerca de três mil, reproduzem-se entre si, criando uma cadeia em que já não há necessidade de importação. No entanto, alguns crocodilos existentes nesta empresa foram caçados na província de Tete, concretamente em Changara, e outros foram transportados ainda na condição de ovos.
São alimentados de partes de frango inúteis para o consumo humano, especificamente, tripas, cabeça e patas. Nalguns casos, quando um crocodilo é abatido, a sua carne serve para o consumo dos que continuam vivos.
A nossa fonte disse que os alimentos dos animais são fornecidos pelos supermercados e pela Higest, uma empresa do ramo avícola baseada na província de Maputo.
A pele de crocodilo é muito apreciada no mercado internacional, aliás, garante o emprego de mais de 50 pessoas só nesta empresa na Namaacha.
O GADO
A feira do gado, principalmente o bovino, não passa despercebida na FACIM. Estão expostos vários currais, com espécies melhoradas, ou seja, com maior peso, produção e produtividade. Falamos com Gil Nhantumbo, director-executivo da Vetagro, uma empresa que controla mais de cinco mil cabeças de gado.
Nhantumbo explica as dificuldades do sector, destacando que as características climatéricais não ajudam, na medida em que só há três meses de chuva e os restantes são de seca. Diz também que um dos maiores obstâculos são as queimadas descontroladas, que destrõem os alimentos dos animais.
O PAÍS – 31.08.2012