LEVIATÃ, Por Laurindos Macuácua
Caro, Presidente Armando Guebuza. Hoje junto-me ao coro de vozes contestatárias sobre a sua continuação no poder.
Não o faço porque não gosto da ideia de o senhor continuar no poder, mas sim por questões terapêuticas. Em vez de ir ao psicólogo recompor-me das agruras encontrei um método mais barato: olhar para os cartazes que têm a fotografia do Presidente e me pôr a rir. Desculpa. É que o Presidente Guebuza me lembra muito um querido personagem do Walt Disney: o tio Patinhas. Tão agarrado ao poder que até se esquece dos seus familiares próximos: o Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho. Agora diga-me, Presidente: um indivíduo assim há-de, no entanto, recordar-se do povo? De quem sofre lá em Balama por falta de alimentação diária?
Voltando ao tio Patinhas. Sabe, Presidente, que de tão esquisito quando de riqueza se trata, não deixa que nenhuma moeda, uma sequer, seja retirada do seu cofre forte para pagar seja o que for? Analogicamente, encontro o mesmo no meu Presidente. Se de facto continua a agarrar-se ao poder não é porque o povo lhe pediu. A sua consciência e oportunidades de negócio é que cantaram alto!
As pessoas, à boca cheia- quer seja nos empregos formais, dumbanengues, zonas de prostituição e tais-, perguntam-se se o senhor Presidente irá abandonar ou não o poder? Sabe que o fazem por mero exercício retórico? Já sabem a resposta.
E nunca a continuação ou não de um Presidente no cargo foi objecto de tanto debate neste País. Todos viramos analistas políticos: vendedores informais, gatunos, cobradores de “chapa”, todos. O tema diário é se o senhor Armando Guebuza vai ou não abandonar o poder? E sabe o Presidente donde é que advém este questionamento todo? É porque mesmo o mais humilde dos cidadãos sabe que o senhor gosta de riqueza. Gosta de estar sempre ao lado da galinha dos ovos de ouro!
Então, como pode abandonar o poder com as sistemáticas descobertas de petróleo, gás natural, ferro? Eu sou céptico quanto ao seu abandono ao poder. Sempre irá arranjar um mecanismo que o coloque bem perto da esfera decisória. Se até chegou a ser acusado de ter recebido luvas aquando do negócio da reversão da Cahora Bassa para Moçambique...
É, sem dúvidas, a realidade do tio Patinhas e do malogrado Bingu wa Mutharika!
DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 21.09.2012