Os munícipes de Cuamba apontam avanços registados ao longo dos primeiros seis meses do mandato de Vicente da Costa Lourenço e seu elenco, sobretudo, no domínio da gestão dos resíduos sólidos, mas entendem que o número reduzido de equipamentos para recolha e escoamento do lixo até ao local destinado ao seu depósito não está a obedecer ao rigor necessário, temendo que tal facto possa colocar em perigo a saúde pública.
A demora no início do processo visando a asfaltagem ou pavimentação com pavet das principais estradas da segunda maior cidade da província do Niassa inquieta os munícipes, que advogam que tal facto tem repercussões na saúde dos habitantes, bem como para o desenvolvimento e expansão daquela urbe.
Luís Salé, morador no bairro Mutxorra, criticou a edilidade alegando que está a cometer os mesmos erros que o anterior elenco municipal praticou, consubstanciados pela autorização aos investidores para a construção de diferentes empreendimentos, com destaque para os de índole económica num espaço restrito da cidade, facto que, na sua óptica, concentra as instituições em detrimento de uma visão de expansão dos serviços a toda urbe.
“Não compreendo como é que no meio de muitas críticas dos munícipes feitas ao anterior elenco municipal pelo facto de ter autorizado a construção de bombas de abastecimento de combustíveis, agências de bancos comerciais, entre outros edifícios, num talhão com cerca de mil metros quadrados no centro da cidade, os novos órgãos autárquicos tenham a coragem de passar por cima da vontade de quem os elegeu. Desta forma, a cidade de Cuamba não se vai expandir em termos de oferta de serviços, disso estou consciente” – lamentou Salé.
Cidade de Cuamba sem água
Procura de água é uma “dor de cabeça”
A Maior parte do tempo dos moradores dos 13 bairros que compõem a cidade de Cuamba, em particular os de Namuthimbua, é consumida na procura de água, sendo necessário percorrer longas distâncias nas primeiras horas da manhã ou à noite, sobretudo para os munícipes que trabalham.
Segundo Aida Amone, os moradores do bairro Mademo adquirem o tambor de 20 litros de água potável por dois meticais. “Essa água usamos para a satisfação das necessidades básicas, nomeadamente para beber, cozinhar e lavagem dos utensílios domésticos, porque para tomar banho nós recorremos aos rios que atravessam a cidade, cujas águas, embora poluídas, minimizam o aspecto da higiene individual”, disse ainda Amone.
A nossa entrevistada reconheceu que a edilidade tem feito algum esforço no sentido de prover os serviços básicos aos munícipes, mas os problemas que a cidade de Cuamba enfrenta são de tamanha dimensão, que diligências devem ser tomadas pelo Governo central e seus parceiros no sentido de minimizá-los.
Apontou que a promessa da edilidade de montar depósitos elevados de água nos bairros críticos em termos de abastecimento a nível daquela autarquia ainda não foi cumprida, porque os recursos exigidos para execução da empreitada ultrapassam a capacidade financeira do município.
Por seu turno, José Ricardo, morador no bairro Adine, congratulou-se pelo esforço que o elenco liderado por Vicente da Costa Lourenço empreendeu para em menos de seis meses a circulação de veículos fosse possível, facto que concorreu para viabilizar o acesso rápido pelos munícipes aos serviços básicos de saúde, água, entre outros.
Na sua óptica, deve ser dada oportunidade ao actual edil demonstrar o seu comprometimento com a melhoria das condições de vida dos munícipes de Cuamba, o que passa pela sua recandidatura pelo seu partido para concorrer às próximas eleições autárquicas do próximo ano. O nosso entrevistado alegou que, em cerca de 18 meses, Vicente da Costa Lourenço não terá o ensejo de cumprir o manifesto eleitoral apresentado para as intercalares de 28 de Dezembro passado, devido a factores que não se prendem com a sua competência.A actuação dos agentes da Polícia Municipal, cuja criação era tida como sendo para velar sobre o cumprimento das posturas municipais, está a decepcionar os munícipes daquela cidade, alegadamente por apostar no uso excessivo da força para situações em que a sensibilização podia prevalecer em relação aos prevaricadores da lei. A este propósito, António Cardoso, vendedor ambulante, disse esperar da edilidade uma atitude no sentido de viragem do comportamento dos polícias municipais, que devem respeitar os valores humanos.
Pavimentação de estradas
O Conselho Municipal de Cuamba acaba de adquirir dois tractores com os respectivos atrelados para reforçar a sua frota de meios para o transporte de resíduos sólidos no meio urbano e arredores. No entanto, a boa nova para os munícipes daquela cidade é que vai iniciar, brevemente, a empreitada para a reabilitação de estradas, sendo que para começar a avenida Samora Machel, uma das importantes da urbe, foi a escolhida.
De acordo com Vicente da Costa Lourenço, com um tractor actualmente em funcionamento não é possível assegurar de forma permanente as operações de recolha do lixo produzido diariamente por cerca de 97 mil munícipes e que em termos de volume tende a crescer nos últimos tempos comparativamente aos anos anteriores, pois, os resíduos não resultam somente da acção dos residentes, mas de todos que usam a cidade para chegar aos respectivos destinos.
A chegada do referido equipamento adquirido num stand localizado na cidade de Nampula está prevista para antes do final do mês em curso. De acordo com o edil de Cuamba, a limpeza da urbe vai melhorar significativamente, porque “as pessoas envolvidas na limpeza da cidade estão a cumprir cabalmente o seu papel, sendo que a dificuldade de momento reside na recolha do lixo e depósito no local apropriado”.
Relativamente ao projecto de reabilitação das estradas da cidade de Cuamba, Vicente da Costa Lourenço precisou que vai consistir na colocação de pavet na avenida Samora Machel, escolhida por ser considerada a principal daquela urbe.
A edilidade de Cuamba não tem experiência em trabalhos de fabrico e colocação de pavet. Para suprir esse défice, funcionários do conselho municipal local serão submetidos a uma acção de capacitação em técnicas de fabrico de pavet, que será ministrada em Nacala por técnicos especialistas afectos à edilidade local.
“O nosso desejo é de ter uma equipa de fiscalização de obras de estradas com base em pavet, porque este material será usado para pavimentação de todas avenidas e ruas da cidade de Cuamba, pelo que vamos solicitar os bons ofícios do município de Nampula em termos de capacitação do nosso pessoal”- disse Vicente da Costa Lourenço.
Na mesma ocasião, ficamos a saber do edil de Cuamba que o empreiteiro encarregue pela execução dos trabalhos de reabilitação do troço que liga a cidade e a sede distrital de Malema, em Nampula, a Gabriel Couto, vai proceder a limpeza e pequenas obras de drenagem de águas pluviais das estrada interiores nos bairros daquela autarquia. As duas partes já alcançaram um acordo nesse sentido.
Hotel Vision 2000
Escassez de água com dias contados
O Governo moçambicano e o Banco Africano de Desenvolvimento acordaram o desembolso de uma verba não especificada para financiamento de obras, visando a reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água potável a cidade de Cuamba, província do Niassa. A nossa Reportagem apurou que o concurso para a adjudicação das referidas obras será lançado no próximo mês, depois que foi concluído o trabalho de consultoria.
O presidente do município de Cuamba, Vicente da Costa Lourenço, salientou que o nível de cobertura de abastecimento de água potável na urbe, que conta com cerca de 97 mil habitantes, vai passar dos actuais 18 por cento para 90, após a conclusão das obras que preconizam a substituição da tubagem da conduta adutora para uma nova de maior dimensão e construção no bairro de Rimbane, de uma estacão de tratamento do precioso liquido para a sua distribuição.
Segundo o edil de Cuamba, a fonte que abastece a sua cidade tem uma capacidade elevada de aprovisionamento de água que, por falta de tubagem para canalização ao centro distribuidor da cidade, acaba se perdendo e uma parte ínfima usada pelas comunidades que vivem nas redondezas do Monte Metucue para irrigar os seus campos agrícolas.
Além de se encontrar obsoleta e consequentemente registar perdas consideráveis de água que poderiam satisfazer as necessidades dos munícipes que clamam por aquele liquido, soubemos que a tubagem, que actualmente garante o transporte da água, a partir da fonte em Metucue para a cidade de Cuamba, é de um diâmetro muito reduzido, pois a sua instalação no período colonial visava uma população restrita.
A nossa Reportagem constatou que decorrem trabalhos de abertura de valas nos bairros considerados críticos, em termos de abastecimento de água potável em Cuamba. Questionamos ao edil da cidade a que propósito tais trabalhos estavam a ser desenvolvidos, tendo Vicente Lourenço revelado que se enquadram na remoção da tubagem velha que já não permite o transporte de água aos vários destinos previamente definidos.
“Estamos numa luta contra o tempo, e quando o empreiteiro iniciar com as obras para colocação de nova tubagem da rede de distribuição não terá muito tempo a perder, porquanto já iniciamos uma parte que acarreta tempo e paciência”- concluiu Vicente Lourenço.
- Carlos Tembe