KHOMALA Por: Vasco Fenita
Do velho e muito estimado amigo
Edmundo Galiza Matos recebi há dias, através da internet, uma mensagem que me
deixou, simultaneamente gratificado e comovido, por evocar os tempos em que, entrincheirados
particularmente na comunicação social (ele na Rádio e eu na Imprensa),
partilhamos abnegadamente em múltiplas e prementes actividades que se impunham,
na circunstância, para colmatar as sequelas desencadeadas pela debandada
abrupta e massiva dos jornalistas estrangeiros avessos à independência de Moçambique.
Mas a nossa devoção não se restringia aos sectores das actividades profissionais,
pois que abarcava, naturalmente, outras esferas.
Mormente de índole social e política, entre as quais se inscrevia a FAINA (Feira Agro-Industrial de Nampula), que conheceu , em sucessivas edições, períodos áureos e cuja projecção extravasou o perímetro da província e, quiçá, as fronteiras do próprio país.
Transcrevo , pois, a seguir na íntegra a mencionada missiva:
Há muito anos que não visito a FAINA (Feira Agro-Industrial de Nampula). Nem sequer sei em que estado se encontra; se ainda serve para o que foi criada. Sei que foi um projecto que, na altura da sua edificação (anos 80/81/82), atingiu momentos de glória: Para além da exposição da actividade económica da província de Nampula, a feira, era igualmente um local de aprendizagem e entretenimento. No seu auge, ela atingiu bem a cifra de 250/300 mil visitantes da cidade de Nampula e não só numa única edição.
À frente desta iniciativa esteve um grande empreendedor e líder de homens: Felismino Charas, o segundo da direita para esquerda, de gravata, infelizmente já falecido. Ele que aparece nesta imagem, com outros nomes que, na altura, colaboraram para que a Faina se tornasse um sucesso. Estão na imagem, por exemplo, o Vasco Fenita, pai do amigo Eleutério Fenita, o António Carrasco (o terceiro da esquerda para a direita e o David Joel (de barba, espreitando junto ao ombro do Felismino Charas), administrador da Faina já falecido. Os outros, recordo-os apenas pelas caras.
Ao amigo Felismino Charas – de quem apreendi a não desistir perante quaisquer que sejam os escolhos com que nos deparemos - vai aí um grande abraço, onde quer que estejas.
Apraz-me, pois, meu prezado Galiza Matos, registar com particular ênfase o teu testemunho sobre Felismino Charas, que configura, afinal, uma exaltação consensual da personalidade de referência superlativa em diversos domínios de actividade em que foi indigitado a exercer. Cujo legado deveria servir de paradigma, principalmente para a actual geração que denuncia uma abominável crise de capacidade motriz e organizativa que o malogrado e saudoso dirigente alardeava em insuspeita escala e nos mais ínfimos detalhes.
Dotado de invulgar capacidade de liderança e de gestão, confirmada à saciedade não apenas na edificação e consolidação da FAINA (recordada pelo Galiza), bem como no resgate da periclitante situação financeira em que havia atolado o Sporting Clube de Nampula e na restauração da obtusa gestão do Hotel do Partido Frelimo (actual Hotel Lúrio), incluindo o funcionamento linear do Departamento de Trabalho Ideológico da Frelimo (onde se encontrava então afecto) e a erradicação de eventuais atritos que, anteriormente, perturbavam a imagem do Aeroporto Local (onde se encontrava profissionalmente vinculado). Uma postura de inequívoca competência e despida de qualquer jactância, avessa a qualquer espécie de protagonismo, às chamadas “luzes da ribalta”, que o terão, posteriormente e com toda a legitimidade, catapultado para o elevado cargo de director nacional da empresa dos Aeroportos de Moçambique.
WAMPHULA FAX – 10.09.2012