“Senhor governador, estamos satisfeitos por nos ter visitado, como também por nos influenciar a fazer este trabalho de plantação de árvores, mas o que queremos é que esta actividade seja paga. Nós dividimos vários momentos da nossa vida, nomeadamente machamba, casa e aqui a plantar as árvores na floresta comunitária pelo que, este último trabalho, deve ser remunerado”-defendeu uma cidadã, perante o olhar perplexo do governante.
Uma outra cidadã foi ao extremo, dizendo que preferia ganhar agora (recebendo algo do Governo) porque, segundo disse, quando as árvores atingirem um valor comercial, as pessoas da sua idade já terão morrido.
Em resposta, Carvalho Muária explicou que as árvores pertencem a todas as comunidades. Referiu que é costumeiro, desde os nossos ancestrais, cuidar das árvores, o que quer dizer que, trabalhos como estes, que beneficiam a todos, não precisam de ser remunerados.
“Esta floresta vem desde os nossos antepassados, eles cuidaram dela e agora estamos a beneficiar. Agora temos a obrigatoriedade de prepararmos o futuro dos nossos filhos”- elucidou.
O governador lançou um apelo às autoridades locais e tradicionais no sentido de explicarem às pessoas o valor e os ganhos que se têm em preservar as árvores. Falou dos benefícios dos 20 por cento sobre o valor do licenciamento de exploração florestal que se encaminham às comunidades.
Entretanto, o nosso Jornal procurou saber um pouco mais do assunto junto de alguns líderes comunitários e a explicação veio nos seguintes termos: tudo começou no tempo da ONUMOZ, altura em que todas as actividades eram remuneradas, até mesmo a construção de uma latrina para a sua própria casa. Isso criou um ciclo vicioso. É por isso mesmo que a qualquer estrutura que aparece aqui estas pessoas fazem pedidos.
O nosso entrevistado afirmou ainda que tais pessoas têm muitas vezes conseguido os seus intentos, acabando influenciar as outras.
- Rodrigues Luís