O presidente da Frelimo, Armando Guebuza, tranquilizou hoje, em Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado, os candidatos que não conseguiram ser eleitos para os diversos órgãos do partido, sustentando que eles são tão importantes como os eleitos.
Falando em comício popular realizado em Muchara, bairro suburbano onde decorreu o X Congresso terminado esta Sexta-feira, Guebuza explicou as regras que norteiam os processos eleitorais, sobretudo o critério dos 60 por cento dos membros que permanecem nos órgãos (Continuidade) e os 40 por cento de novos membros (Renovação), bem como o sistema de representação de jovens, adultos e mulheres.
“Os camaradas que não foram eleitos são quadros com experiência quanto aqueles que foram eleitos”, disse Guebuza, sublinhando que a Frelimo procura sempre valoriza os seus quadros.
Segundo
explicou, além de participar na formulação de políticas, os quadros da Frelimo
também são integrados em determinadas brigadas de trabalho bem como participam
na divulgação da história do país, através de palestras realizadas nas escolas,
entre outros eventos.
A mensagem de Guebuza destinava-se tanto aos militantes do partido que não conseguiram
ser eleitos nas suas respectivas províncias para participarem no X Congresso
como àqueles que, sendo candidatos para os diversos órgãos do partido, não
conseguiram, também, votos suficientes para o efeito.
Na verdade, diversas figuras influentes no partido não tiveram votos suficientes para continuar ou passar a integrar alguns órgãos. Por exemplo, o actual Primeiro Ministro, Aires Ali, não conseguiu reunir votos suficientes para permanecer na Comissão Política, órgão constituído por 17 membros e cuja missão é orientar e dirigir o partido no intervalo entre dois congressos. Contudo, Ali pode participar neste órgão, mas sem direito a voto, por não ser membro efectivo.
Também não conseguiu permanecer na Comissão Politica o presidente da Primeira Comissão na Assembleia da República, o parlamento moçambicano, Teodoro Waty, que nem sequer conseguiu tornar-se num dos 195 membros efectivos do Comité Central, órgão máximo do partido no intervalo entre dois congressos. Waty foi eleito como membro suplente deste órgão.
Tal como Waty, muitos outros membros influentes do partido não conseguiram votos suficientes para permanecer no Comité Central, dos quais se destacam o ideólogo Jorge Rebelo, o antigo Ministro da Segurança, Jacinto Veloso, e o antigo Ministro para os Assuntos dos Antigos Combatentes, António Hama Thai.
O actual governador de Nampula, Felismino Tocoli, foi o único governador provincial (de todas as 11 províncias do país) que não foi eleito para o Comité Central, em eleições realizadas ao nível das conferências provinciais.
Esses são apenas alguns exemplos de membros influentes do partido que não conseguiram fazer parte dos órgãos mais importantes desta força política no poder em Moçambique.
Durante o comício, que serviu para a apresentar os resultados do X Congresso, Guebuza também desafiou os recém-eleitos para que saibam servir o povo, dando toda a prioridade na procura de soluções para as inquietações com que se depara.
Segundo Guebuza, que é igualmente Presidente da República, uma das decisões tomadas pelo X Congresso é de que a pobreza continua o maior desafio do país; um desafio que não desaparece, sem ser afastado por alguém.
“A pobreza não acaba de repente”, disse ele, sublinhando que “a pobreza acaba a medida que resolvemos os problemas, a medida que os nossos esforços vão dando resultados”.
@SAPO – 29.09.2012