A capital moçambicana, Maputo, acolhe a partir de sábado a 7.ª edição do Dockanema, Festival do Filme Documentário, que apresentará em antestreia mundial o documentário "Vovós da Guerrilha, Como viver neste mundo", da realizadora holandesa Ike Bertels.
Com cerca de 80 documentários a preencher a grelha do 7º Dockamena, o certame vai prolongar-se até 23 de setembro em quatro espaços da capital moçambicana: Centro Cultural Franco-Moçambicano, Centro-Cultural Brasil-Moçambique, Faculdade de Letras e Ciências Sociais e Teatro Avenida.
"Vovós da Guerrilha" é o último documentário de uma trilogia iniciada em 1984, com "Mulheres da Guerra", um filme que apresenta o testemunho de três mulheres moçambicanas - Mónica, Maria e Amélia -, que participaram na luta pela independência.
"Estas mulheres causaram uma impressão muito grande em mim na época", diz a realizadora holandesa em declarações à agência Lusa.
Ike Bertels explica como tudo começou: "Depois de ver imagens das três guerrilheiras no filme de Margaret Dicknson, Behind the Lines (a Luta na Retaguarda), senti-me atraída pelas ideias revolucionários e de independência de Moçambique, realizando mais tarde o primeiro filme da trilogia: Mulheres da Guerra (1984)".
A realizadora considera a película "muito otimista, porque transmite a energia de mudança do país depois do período de independência", mas lembra que "depois veio a guerra civil, que acaba por ter efeitos nessa vontade".
Quando regressa a Moçambique, em 1994, para fazer o filme Pensão de Guerrilha, depois das primeiras eleições multipartidárias no país, Ike Bertels diz ter encontrado "uma população muito triste, destruída, mas que se mantém com força para evoluir".
Por isso, afirma, "este é um filme otimista (Vovós da Guerrilha), pois, apesar do país continuar a ter muitos problemas, creio que os moçambicanos têm mais oportunidades e qualidade de vida hoje".
O documentário de abertura do 7º. Dockanema, que substitui o filme anteriormente programado para a inauguração do festival, "Mama Africa - Miriam Mabeka", do realizador finlandês Mika Kaurismäki, é, sobretudo, um relato sobre a emancipação da mulher na sociedade moçambicana.
"Com este filme (Vovós da Guerrilha) quis mostrar que elas plantaram as sementes, e agora podem olhar orgulhosamente para os resultados", considera Ike Bertels.
MMT.
Lusa – 14.09.2012