Devido ao encerramento de indústrias
O desaparecimento quase que total das grandes indústrias de processamento de castanha de caju, peixe, camarão, arroz e sisal, que empregava maior parte de mão-de-obra assalariada, na cidade de Angoche, entre a década de 70 até aos dias de hoje, força a que muitos habitantes daquela urbe costeira se dediquem ao auto-emprego através da abertura de pequenas unidades de reparação de barcos à vela, à pesca e ao comércio informal, usando fundos do combate à pobreza urbana, desembolsados pelo município.
Sem ter revelado os valores desembolsados pela edilidade, Nuro Assane Omar, vereador da área de administração e finanças no Concelho Municipal de Angoche, referiu que maior parte dos fundos são direccionados para jovens e mulheres que apresentam projectos com iniciativas que possam empregar outras pessoas, de forma a suprir a falta de emprego que actualmente se assiste com os mencionados encerramentos. Em consequência da guerra dos 16 anos, a cidade de Angoche e seus munícipes perderam muitas fontes de rendimento económico, tendo-se acentuado o nível de desemprego.
Estão aparecer alguns jovens com boas iniciativas, porque sentem que o projecto de areias pesadas de Sangage que vai começar a sua exploração não poderá empregar toda a gente que precisa de trabalhar, pese embora reconheçamos que vai impulsionar o desenvolvimento económico e social da cidade, porque proporcionará oportunidades para a criação de estabelecimentos de prestação de serviços, disse Nuro Omar, falando à margem das festividades do 42º aniversário da cidade celebrado no passado dia 26 de Setembro corrente.
Outros jovens apostaram na montagem de pequenas indústrias de farinação, onde são processados produtos como arroz, mandioca e milho de que Angoche é potencial produtor por excelência ao nível da província de Nampula.
Na ocasião, Nuro Omar disse que os constrangimentos que se registavam no início da asfaltagem da estrada principal que liga o centro urbano ao populoso bairro do Ingúri foram já ultrapassados com o desembolso do dinheiro necessário por parte do Fundo de Estradas. Agora o empreiteiro está a movimentar os meios para reiniciar as obras que, aliás, constituiu factor determinante na eleição do actual edil, Américo Adamugy, durante as últimas eleições.
Quero reiterar que o nosso mandato como autarcas não vai terminar sem asfaltarmos a estrada que liga a cidade ao bairro do Ingúri, cujo compromisso também o próprio empreiteiro quer honrar. As outras promessas foram já cumpridas na totalidade, referiu Nuro Omar, tendo apontado, nesse âmbito, a construção de raiz de escolas nos bairros de Boleia e Nacololo, a abertura de vias nos bairros de Johar, onde a transitabilidade era quase impossível, para alem da reabilitação da estrada que liga a praia de Tamole, via Zamo-Zamo, para além da extensão da rede de energia para o Km 13, e, depois, no bairro de Serema e Morrua.
Paulina Vasco da Gama disse à nossa reportagem que a celebração do aniversário do município ocorre numa altura em que os autarcas eleitos estão a fazer todos os esforços para desenvolver a autarquia, muito embora considere que o potencial turístico de que Angoche é detentor, com uma praia com trinta quilómetros de costa, ainda continua por explorar.
O que, concretamente, retrai o desenvolvimento desta cidade é a não asfaltagem da estrada Nampula-Angoche, que facilitaria o acesso aos investidores que já demonstraram o seu desejo de explorar os recursos naturais de que dispomos, disse a nossa interlocutora. Em cujo diapasão alinha o munícipe Omar Ali, que entende que muitos turistas interessados em visitar Angoche não o fazem por causa das precárias condições dos 185 quilómetros da estrada de terra batida e, portanto, temerem os respectivos constrangimentos.
A exploração das areia pesadas de Sangage veio trazer um rastilho de esperança para alguns munícipes e, por aquilo que já foi acordado, a empresa que vai explorar os minérios compromete-se em participar no desenvolvimento da cidade apoiando o município com várias acções e actividades na área social, desportiva. Espero, pois, que quem de direito esteja atento para fazer valer este compromisso, rematou Omar Ali.
Alberto Botas, correspondente da Rádio Moçambique, residente em Angoche, diz que basta reparar nas infraestruturas que estão edificadas para concluir que a cidade detém uma belíssima e rica história, apesar da vida económica dos seus habitantes ter conhecido um declínio, mas que agora urge ressuscitar.
Temos grandes desafios de resgatar Angoche sem lamentações gratuitas em relação às grandes fábricas que existiam outrora. Urge, portanto, encontrar outras alternativas e oportunidades porque um futuro promissor se perspectiva para Angoche. Para já, temos que apostar no auto-emprego - sugeriu Alberto Botas.
WAMPHULA FAX – 28.09.2012