O
partido político Movimento Democrático de Moçambique (MDM), mais uma vez se
sentiu provocado por discurso político, numa cerimónia pública na cidade de
Quelimane, onde o seu membro, Manuel de Araújo, é presidente do Conselho
Municipal local há menos de um ano.
Terça-feira, por ocasião do 25 de Setembro, foram membros da Polícia que
serenaram os militantes do MDM, com apelos à ordem e calma, quando estava a ser
vaiado o secretário provincial da Associação dos Combatentes da Luta de
Libertação Nacional (ACLLN) da Zambézia, Eduardo Mauawa,
depois de ter afirmado o seguinte:
“Os combatentes da Frelimo, que são o povo moçambicano de armas na mão,
não são profissionais da guerra: querem a paz, querem a democracia, mas uma
democracia construtiva, progressista e não belicista nem tribalista, e sem o
mínimo de respeito para com os outros concidadãos”.
Eles, que se evidenciaram na praça com as bandeiras, capulanas, bonés e camisetes do MDM, em frente da tribuna, reagiram com vaia, insurgindo-se com danças, cânticos e outras expressões verbais, contra aquilo que entenderam constituir um precedente para provocação, após o secretário da ACLLN, na Zambézia, defender, no seu discurso, a necessidade de uma democracia construtiva, progressista e não belicista nem tribalista ou regionalista.
Tais actos de vaia foram contornados, com intervenções de persuasão, por figuras da elite policial, os quais privilegiaram o diálogo, dirigindo-se aos representantes daquela força política para apelar à ordem.
O cenário quase perturbou a cerimónia, mas o secretário da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional, Eduardo Mauawa, prosseguiu com o discurso, entre apupos do MDM e já com convivência perturbada na praça.
“A paz que queremos é a paz real. Não pode existir a paz enquanto o neocolonialismo continuar a dominar o nosso povo e as nossas cabeças”, disse. Acrescentou que a geração que batalhou para a conquista da independência nacional detesta “o tribalismo, o racismo, o regionalismo, a preguiça, o boato, a mentira, a calúnia, o crime organizado, o liberalismo no lugar da liberdade, o desrespeito aos nossos dirigentes, a violência doméstica”.
Refira-se, no entanto, que as celebrações dos 48 anos da passagem da data do início do desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional, na Zambézia, foram assinaladas com movimentações políticas, de duas proeminentes formações política, designadamente o Movimento Democrático de Moçambique MDM.
A Frelimo movimentou uma série de organizações sociais, que se identificam com os seus ideais, com destaque para a OJM, ACLLN, que realizaram desfile, desaguando na Praça dos Heróis.
O MDM envolveu-se em manifestações que movimentaram vários grupos culturais, mulheres, jovens, os quais dançaram mesmo depois de encerrar a parte oficial, com a exaltação dos jovens da geração 25 de Setembro de 1964.
No final da cerimónia, representantes do MDM ainda juntaram-se no recinto do Conselho Municipal, para uma longa comunicação com o edil Manuel de Araújo, que, entre os aplausos e elogios, proferiu mais palavras diante de seguidores.
O próprio edil, que se juntara antes às personalidades na tribuna de honra montada na praça, fez a abertura do momento reservado às intervenções, proferido um discurso de exaltação e homenagem aos jovens do 25 de Setembro de 1964.
Mencionou Eduardo Chivambo Mondlane, Samora Moisés Machel, Filipe Samuel Magaia, Paulo Samuel Kankomba, Francisco Manyanga, Josina Machel, como heróis incontornáveis na história de Moçambique, à semelhança de outros tantos que tombaram em diversas batalhas de luta armada.
Referiu-se também a Bonifácio Gruveta Massamba e Joaquim Maquival, ao escritor e defensor da causa nacional Arone Fijamo, que os descreveu como alguns dos grandes nomes da Zambézia que fizeram a história, tendo no decurso de sua intervenção solicitado um minuto de silêncio.
Por seu turno, o director provincial dos Transportes e Comunicações da Zambézia, Alberto Manharagem, que desfilou na tribuna em representação do governador Francisco Itai Meque, pediu aos jovens de actualidade para não cair nas ilusões.
“Jovens que sois o futuro e defensor de nacionalidade moçambicana, não se deixem enganar com cenas que representam a tentação, por aqueles que constroem a sua história de vida, tendo como base a destruição de história colectiva e sacrificadora de moçambicanos”, disse.
Ele recordou que os jovens da geração 25 de Setembro de 1964 e de 8 de Março fizeram o seu protagonismo na história do país, com humildade, sendo hoje exaltados pelos resultados expressivos que se traduziram em elevação dos níveis de quadros formados na liderança em distintas áreas de actividade política, social, cultural e económica.
Alberto Manharagem salientou o caso de jovens que, na sequência do esforço de outras gerações anteriores, hoje lograram formação de alto nível académico, até criar uma visão de entrar no mundo empresarial, destacando-se também na disputa de oportunidades para o acesso aos cargos políticos no Estado moçambicano.
DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE – 27.09.2012