O Parque Nacional das Quirimbas (PNQ), levantou a voz e disse que há actividades de pesquisa de hidrocarbonetos, no âmbito do projecto da Statoil Oil and Gás Moçambique, que ocorrerão no seu interior, porque detectou que a tabela que ilustra as características gerais dos poços, localiza-se na área, cerca de 5.5 quilómetros a Este daquela zona de conservação e ainda a 12 quilómetros a Este da Ilha Quirimbas.
Numa carta escrita à IMPACTO, contratada para realizar o processo de avaliação do impacto ambiental do projecto, o PNQ diz-se ainda mais preocupado por constatar que a perfuração que se prevê, ao lado do santuário de Quilálea, estar localizada exactamente numa zona de protecção total, onde a comunidade residente está, inclusive, sensibilizada e sabe que não é permitida a prática de actividades que não sejam de conservação da biodiversidade.
As pesquisas previstas, conforme documentos que o PNQ diz ter tido acesso, “nos mostra pouco claro e receosos sobre os aspectos de restrições espaciais e temporais dos mamíferos e tartarugas”. Por outro lado, volta a chamar à atenção para o facto de estarem proibidas as pesquisas sísmicas nocturnas, tendo em conta uma informação em contrário, fornecida pelo chefe do posto das Quirimbas.
“Estudos recentes realizados na Noruega revelam que os grandes mamíferos, quando atingidos com tais sons e vibrações, tendem a ter uma orientação à costa, ocasionando morte ou encalhes nas praias, apontando como exemplos a morte de baleias em Matemo, golfinhos e ainda tartarugas que deram a Guludo, para além de, na cidade de Pemba, terem aparecido, por duas vezes, baleias mortas, muito embora não tenhamos a certeza de que tenha sido ocasionado pelas pesquisas sísmicas” - escreve o PNQ, sob o punho do seu administrador, José Dias.
Por estas razões, de acordo com o PNQ, o plano de comunicação parece ter falhado a nível de concepção e implementação, uma vez que a estratégia para a transmissão de informação não ficou atenta à liderança e os meios usados parecem inadequados com a realidade sócio-cultural da área.
O PNQ, através do seu administrador, considera evidente que a continuidade do processo de perfuração, sem a plena observância do plano de gestão ambiental aceite para áreas de conservação e seguimento rigoroso do plano de maneio daquela área de conservação, pode contribuir para o fraco uso sustentável dos recursos marinhos, sendo um dos potenciais para a criação e estabelecimento do Parque.
As inquietações do Parque Nacional das Quirimbas, surge depois de a IMPACTO ter apresentado, a 31 de Agosto último, o rascunho do relatório do estudo ambiental de pré-viabilidade ambiental e definição do âmbito e dos termos de referência do projecto de pesquisa na área em alusão, na bacia do Rovuma.
RM – 24.09.2012