“A Frelimo deu um tiro no pé com esta decisão”, diz o académico Lourenço do Rosário.
Quando a intervenção de Jorge Rebelo, ontem, começou a questionar a liberdade de opinião dos militantes e da sociedade, em geral, subitamente assistimos a um movimento estranho: os dirigentes da Frelimo mandaram parar a transmissão em directo da Televisão de Moçambique e ordenaram as outras televisões, que sem estarem a dar em directo gravavam o evento, a desligar as câmaras.
Daí para diante, as ordens multiplicaram-se pelos oficiais de protocolo para os gestores dos media, sobretudo televisivos e radiofónicos, com algumas contradições pelo meio: ora era para os jornalistas abandonarem a sala, ora era para se manterem, mas com compromisso de não gravarem os debates.
Ao fim de algum tempo, clarificou-se a decisão: os jornalistas mantinham-se na sala, apenas com autorização de gravar mensagens de “partidos amigos e irmãos da Frelimo” e dos delegados ao congresso. Quando fosse a vez dos debates, as câmaras deveriam manter-se desligadas e os jornalistas...vigiados.
O PAÍS – 25.09.2012