A neutralização dos referidos caçadores furtivos ocorreu na localidade de Mussenguezi, onde foram surpreendidos pelos líderes comunitários locais na posse dos troféus retirados dos paquidermes abatidos, segundo explicou ao nosso Jornal Jaime Diogo Bazo, porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM).
“Graças à nossa contínua ligação com as comunidades, fomos imediatamente informados da ocorrência e uma equipa de membros da PRM no distrito deslocou ao local e capturou aos indiciados no crime de caça furtiva” – disse Bazo.
Entretanto em Abril último, à margem da visita presidencial e inclusiva à localidade de Chitete, operadores da Safaris de Moçambique em Chinthopo, denunciaram à nossa Reportagem haver caçadores furtivos de nacionalidade zimbabweana, zambiana, chinesa e moçambicana, que estão a usar o produto conhecido por Synad para o envenenamento da água do rio Mphanhame para matar animais selvagens como elefantes e leões para a recolha de troféus.
Segundo a nossa fonte, durante o ano passado, foram encontrados mortos e abandonados nas margens daquele rio 150 carcaças de elefantes sem os respectivos marfins e, numa consulta à população, soube-se da existência de homens armados, supostamente da guarda fronteira do Zimbabwe, e elementos da nacionalidade zambiana e chinesa nas margens daquele curso de água à procura de pontas de marfim, de rinocerontes, dentes, unhas e pele de leão.
“A situação está a ganhar contornos alarmantes e deveras preocupante, pois, para além de matar os animais põe em perigo a saúde pública das comunidades. Aliás, acreditamos que as mortes de pessoas que ocorrem no seio das comunidades sejam resultantes do consumo de água contaminada”, disseram as nossas fontes.
“Nós como operadores de eco-turismo e estamos a trabalhar junto das comunidades rurais, enviamos às autoridades do governo distrital um relatório mais detalhado sobre esta situação para não sermos considerados coniventes com este caso”- explicaram as nossas fontes.
Por seu turno, o governo distrital de Mágoè aponta a inexistência de fiscais de Florestas e Fauna Bravia no programa Tchuma Tchatu, situação resultante de alguns problemas técnicos e logísticos, como estando na origem da proliferação de caçadores furtivos que no interior das matas procuram animais, com destaque de elefantes, leões e leopardos.
A localidade de Chitete fica ao extremo do distrito de Mágoè, no limite entre o nosso país e o Zimbabwe, com uma área de 320 mil hectares e habitada por cerca de 7.744 pessoas. A zona é cercada por um corredor de fauna bravia, com maior destaque para elefantes, propiciando, deste modo, constantes conflitos entre os animais bravios e o Homem.
Entretanto, Jaime Bazo, porta-voz do Comando Provincial da PRM, em Tete, disse que nos últimos seis meses, a sua corporação está a redobrar esforços no sentido de combater a criminalidade na zona da faixa fronteiriça com os países vizinhos nomeadamente, Malawi, Zâmbia e Zimbabwe.
Recentemente, a PRM recuperou na zona de Mulanguene, no distrito nortenho de Angónia, junto à fronteira com o Malawi, algumas cabeças de gabo bovino que haviam sido roubados nos currais de alguns criadores moçambicanos. As mesmas já se encontravam no território malawiano.
Como resultado de maior aproximação e colaboração entre as autoridades policiais dos países vizinhos, nomeadamente de Moçambique, Malawi, Zâmbia e Zimbabwe, muitos casos criminais cometidos por cidadãos de ambos lados, têm sido esclarecidos e alguns bens roubados são recuperados e posteriormente entregues aos legítimos proprietários.
- Bernardo Carlos