O jurista Carlos Jeque, convidado ao encontro, disse, por exemplo, ser importante a consolidação do diálogo da crítica, de modo a que haja aglutinação de diversas sensibilidades na construção de ideias sólidas rumo ao desenvolvimento do país.
“50 anos da Frelimo constituem uma idade. A Frelimo, como todos sabem, é um partido sério, comprometido com o desenvolvimento do país, daí que precisa de permanente diálogo com diversos actores em busca de consensos na dinamização dos processos de desenvolvimento”, defendeu
Carlos Jeque chama atenção aos novos dirigentes a serem eleitos para os órgãos do partido no sentido de terem maior responsabilidade na condução da Frelimo, como partido governamental, pois, de acordo com a sua opinião, afigura-se importante criar um clima favorável na distribuição de riqueza a ser gerada pela exploração dos recursos económicos que estão sendo descobertos um pouco por todo pais.
“Os recursos, nomeadamente, carvão mineral, gás natural, areias pesadas e outros tantos cuja pesquisa decorre, devem estar em prol do povo e do desenvolvimento do pais, dai que, a Frelimo tem esta grande responsabilidade na gestão e distribuição desta riqueza através dos seus órgãos de soberania”, disse.
Jeque entende, por outro lado, que a questão da unidade nacional é de vital importância para a estabilidade e desenvolvimento nacional, não devendo ser apenas retórica politica.
“A unidade nacional não está em risco, mas também devemos saber que precisa de uma consolidação, ela tem sido uma retórica, dai a necessidade da sua consolidação nos termos em que não se fale da tribo, da região ou da religião como pontos fundamentais para a unidade nacional, mas sim como pontos históricos que existem no seio dos moçambicanos”, sublinhou.
Segundo aquele jurista e analista político, “a Frelimo continua de facto, um partido do povo moçambicano, do Rovuma ao Maputo.
Oposição defende coabitação política
ENQUANTO isso, líderes de alguns partidos políticos da oposição convidados ao X Congresso da Frelimo defendem, por seu turno, uma aglutinação de ideias com outras sensibilidades de diversos quadrantes independentes da Frelimo.
Para o efeito, segundo disseram é necessário que se cultive o espírito de tolerância e diálogo permanente, evitando olhar para oposição politica como inimigo da Frelimo, mas sim como adversário político.
O líder do Partido Ecologista de Moçambique (PEC), João Massango, não obstante reconhecer a Frelimo como sendo detentora do poder e, por via disso, mentora das estratégias de desenvolvimento, sugere um debate franco e aberto sobre as modalidades de distribuição equitativa da riqueza a ser produzida pelos recursos minerais em descoberta e em vias de exploração.
“Temos que olhar para quem será de facto o detentor desta riqueza que o país vai ter nos próximos tempos, para evitar que se fale de exclusão. Os recursos não devem semear desconfianças entre os moçambicanos, divisão e muito menos guerra. Por isso é que eu defendo uma boa gestão desses recursos será benéfico para acelerar cada vez mais o progresso sócio- económico do pais”, referiu.
O nosso entrevistado disse ter sido convidado e aceite o convite para participar no encontro de Pemba, e que apesar de não ter direito a palavra, sente-se na obrigação de dar a sua opinião sobre os assuntos que são do interesse nacional e preocupam a todos os moçambicanos.
Atacar as desigualdades
QUEM também foi convidado pela Frelimo para participar na mais alta reunião da Frelimo foi o Presidente do Partido Trabalhista (PT), Miguel Mabote.
Ele olha para o X Congresso como uma impar oportunidade para que o partido no poder aborde com profundidade questões de interesse nacional como são as alegadas desigualidades sociais que disse prevalecerem no pais.
“O fosso entre pobres e ricos ainda é grande. Então espero que a Frelimo reflicta neste congresso sobre que estratégias a seguir para contornar este problema, porque esta é uma realidade que todos conhecem e não podemos negar”.
Para Miguel Mabote, o partido no poder deve valorizar a sua génese, considerando todas ideias mesmo que sejam de moçambicanos não membros e nem simpatizantes da formação politica no Governo, tendo ainda se congratulado pelo facto dos partidos de oposição terem sido convidados para o evento de Pemba.
“Mesmo a unidade nacional deve ser abordada na perspectiva de desenvolvimento sócio e económico do pais. Durante a luta armada de libertação nacional incutiu-se a ideia de que todos somos moçambicanos e que não havia pessoas do centro, norte ou sul, mas hoje a perspectiva deve ser outra que é o de permitir que todos nos beneficiemos desses recursos”.
Aquele líder da oposição afastou qualquer possibilidade do colapso da unidade nacional, alertando, no entanto, para a necessidade de desencorajar qualquer tentativa de por em causa esta conquista dos moçambicanos.
Refira-se que ontem foi concluído o debate do relatório do Comité Central, para alem de terem sido ouvidas mensagens dos partidos amigos da Frelimo e mensagens da OMM e OJM, organizações sociais do partido.
Hoje o programa do dia inicia com a inauguração da Estátua em homenagem a Samora Machel, uma visita a exposição alusiva aos 50 anos da fundação da Frente de Libertação de Moçambique FRELIMO, seguindo se depois saudações e a continuação do debate da proposta de revisão do Estatuto do partido.