Na Ilha de Moçambique
- A medida tem vista estancar a erosão costeira
A costa marítima da cidade da Ilha de Moçambique vai, muito em breve, beneficiar de um programa de plantio intensivo de mangal, com o objectivo principal de combater o fenómeno da erosão progressiva provocado, sobretudo pelas ondas do mar, que constitui uma séria ameaça à existência física da urbe declarada património cultural da humanidade, segundo deu a conhecer há dias, à nossa Reportagem, o administrador daquele distrito, António Saul.
A fonte explicou que a adopção desta estratégia resulta do facto de o combate à erosão marítima naquela cidade, através da construção de pequenos e grandes muros ao longo da sua costa, não ser aparentemente suficiente, pois que os efeitos destruidores das ondas do mar continuam a fazer-se sentir drasticamente, reduzindo a sua capacidade de protecção.
A nossa Reportagem constatou de perto que, por exemplo, algumas partes do longo e grande muro de protecção contra a erosão, construído na costa leste daquela cidade, já desmoronaram devido à fúria das águas do mar e que, portanto, reclamam um trabalho urgente de reposição.
Em função disso, pensamos que o plantio de mangal, que constituirá um vasto programa e envolverá o governo do distrito da Ilha de Moçambique, Concelho Municipal local, além das próprias comunidades mobilizadas e consciencializadas pelos respectivos líderes com quem estamos a trabalhar neste momento, vai resultar, em termos de combate a este grande mal ambiental não só na parte insular, como também no continente onde também ocorre este fenómeno, anotou o administrador Saul.
Num outro desenvolvimento, o nosso entrevistado disse acreditar que a implementação do programa, resultará num sucesso pelo facto de estar a ser bem acolhido no seio de todos residentes, que estão agora cientes de que o combate à erosão na Ilha não surtirá os efeitos desejados sem a sua contribuição, até porque naquela zona os líderes comunitários já foram recomendados a criarem florestas de mangais.
Todavia, o administrador do distrito da Ilha de Moçambique acrescentou que para o efeito, vai ser reactivado o projecto de plantio e multiplicação de mangais, que depois de ter sido lançado há, sensivelmente, três anos na zona do posto administrativo de Lumbo, na parte continental, ficou paralisado por aparente incapacidade dos seus criadores e implementadores.
Por seu turno, autoridades municipais dizem estar satisfeitas por terem conseguido controlar definitivamente as escavações das praias, uma prática que durante muitos anos, também, contribuiu para a aceleração da degradação ambiental da ilha, com destaque para a erosão.
As escavações eram feitas na procura de supostos objectos raros, particularmente de navios europeus naufragados, próximos da Ilha de Moçambique, no decurso das viagens de descoberta do caminho marítimo para as Índias, tais como artigos de adorno (missangas), porcelanas, ouro, entre outros, incluindo o ferro velho para a venda no mercado da sucata. Tal controlo foi conseguido mercê de um trabalho de fiscalização cerrada desencadeada pela nova polícia camarária.
A s escavações não só afectavam as praias, como também os cemitérios, onde os “garimpeiros” presumiam que, junto dos corpos aí sepultados (entre os séculos XVI e XVII), repousam objectos de valor ímpar, como colares, anéis e outros de ouro.
WAMPHULA FAX – 26.10.2012