O secretário-geral da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), Fernando Faustino, disse ontem ao nosso jornal que os pronunciamentos de Afonso Dhlakama e dos seus colaboradores são abomináveis em todos os sentidos, porquanto constituem um claro atentado aos princípios que regem um Estado de Direito democrático.
“Nós, combatentes da luta de libertação nacional, repudiamos e condenamos veementemente os pronunciamentos feitos recentemente pelo líder da Renamo e seus colaboradores nas matas de Gorongosa que incitam a população à violência e a não concordar com a agenda nacional de luta contra a pobreza”, sublinhou Fernando Faustino, acrescentando que se Afonso Dhlakama e o seu partido têm problemas devem colocá-los em fóruns apropriados.
Disse que o Governo e a Renamo sempre tiveram espaços privilegiados para discutir as suas diferenças, de modo que é inaceitável que os moçambicanos fiquem reféns das vontades inconfessáveis de alguma força política. Fernando Faustino afirmou que as vontades políticas devem ser expressas por meio do voto nas urnas e não usando métodos que atentam contra a democracia multipartidária implantada no país.
“Todos os actores políticos devem respeitar o jogo democrático. O líder da Renamo devia se preocupar com a organização do seu partido e não implantar no seio das populações um clima de medo, de terror. Dhlakama tem de interiorizar que o povo moçambicano sofreu o suficiente e jamais aceitará retornar à guerra. A agenda dos moçambicanos está orientada para o desenvolvimento. Nós, os moçambicanos, e, particularmente, os combatentes da luta de libertação nacional, queremos a paz. Queremos estabilidade e unidade dos moçambicanos, apesar de opiniões diferentes”, disse.
Fernando Faustino observou que o líder da Renamo não tem de impor ao Presidente da República que se desloque às matas de Gorongosa para dialogar. O Chefe do Estado é o mais alto magistrado da nação, foi eleito em sufrágio democrático e, por isso, deve ser respeitado por todos.
Afirmou que as declarações de Afonso Dhlakama e a sua presença nas matas de Gorongosa criam tensão no seio da população e podem constituir uma ameaça aos projectos que estão a ser desenvolvidos no Vale do Zambeze, com destaque para as iniciativas de prospecção de petróleo e escoamento do carvão de Tete pela Vale através da linha de Sena.
Numa conferência de imprensa terça-feira, Ossufo Momade, chefe do departamento de defesa da Renamo, disse que Afonso Dhlakama só se retiraria das matas de Gorongosa caso a negociação resultasse a seu favor. A Renamo pretende renegociar o Acordo Geral de Paz, assinado a 4 de Outubro de 1992 em Roma, bem assim ver resolvidas as suas reivindicações relacionadas com a alegada partidarizaçao da Administração Pública e distribuição dos ganhos resultantes da exploração dos recursos naturais em descoberta no país, mas reitera que não mais voltará à guerra.