Entre Salamanga e Zitundo, o viajante tem a rara oportunidade de passar pela famosa Reserva dos Elefantes e, se tiver alguma sorte, poderá assistir à sua passagem ao longo da estrada
Ir à Ponta do Ouro não é aventura para qualquer um. Mas vale a pena visitar, pois encontramos num só lugar a conjugação do mato selvagem com o mar cristalino, onde é possível ver espécies marinhas de sonho.
A Reserva Marinha da Ponta do Ouro poderá vir a ser Património Mundial da Humanidade. E o caso não é para menos.
A partida para a Ponta do Ouro pode significar uma viagem atribulada, mas seguramente divertida. Se sair da cidade de Maputo, poderá ir por terra através de Boane ou apanhar o barco para a Ka Tembe (a localidade que olha de frente para Maputo). Se assim for, vá contando com pelo menos 40 minutos de espera. Mas como dizem por cá: os europeus inventaram o relógio e os africanos o tempo.
Na fase do arranque tudo é uma novidade. A travessia de Maputo para a Ka Tembe de barco caracteriza-se pela amálgama de pessoas, carros e mantimentos, à mistura com o cheiro do caju quente. Depois, o percurso é feito em estradas de terra, areia e lama, e de encontros inesperados.
Poderá mesmo deparar-se com uma família de hipopótamos a atravessar o rio Maputo, na localidade de Salamanga.
A sucessão de paisagens extraordinariamente ricas em vegetação é um denominador comum para quem percorre a distância (cerca de 100 km) durante as horas mais iluminadas pelos raios de sol. Isto porque a vista não consegue alcançar a dimensão da beleza natural de noite. Entre Salamanga e Zitundo, o viajante tem a rara oportunidade de passar pela famosa Reserva dos Elefantes e, se tiver alguma sorte, poderá assistir à sua passagem ao longo da estrada.
A rota faz lembrar o Paris-Dakar, com jipes a correr lado-a-lado ou atrás um dos outros, num furacão de poeira sem que contudo exista de facto uma competição.
A chegada à Ponta do Ouro é, muitas vezes, acompanhada por um longo e sentido suspiro de alívio. Depois de tantos buracos, saltos e poeira à mistura, o que sabe bem é parar para beber algo refrescante. Faça um quick stop num dos bares à entrada da comunidade ou no restaurante Ponta's que tem umas chamussas de comer e chorar por mais. Ambiente-se, meta conversa com os locais, e comece a respirar a fragrância marítima que alimenta a alma.
(Versão integral na edição impressa da revista África21 N.º 67, Setembro 2012)
O AUTARCA – 25.10.2012