Ruben Eiras |
Cerca de 50% das novas descobertas de petróleo e gás realizadas desde 2005 estão localizadas em países lusófonos. Este será um factor transformacional da importância geopolítica do português na economia global.
Com efeito, esta tendência de fundo foi o tema de capa numa edição recente da prestigiada revista Monocle , que classificou o português como "a nova língua global do poder e do comércio".
De facto, segundo as últimas análises das consultoras IHS e Bernstein Analysis , três países de língua oficial portuguesa lideram o ranking das 10 maiores descobertas de petróleo e gás do planeta na presente década.
Uma nova força geopolítica lusófona
Brasil e Moçambique lideram esta lista, em primeiro e segundo lugar, respetivamente. Aqueles dois países concentram quase metade das novas reservas de hidrocarbonetos da economia global: de um total estimado de 72.700 biliões de barris de petróleo equivalente (boe) identificados, perto de 19 mil milhões encontram-se no gigante sul-americano e 15 mil milhões em Moçambique (sobretudo gás natural).
A seguir a aquele país lusófono, situam-se o Irão (9 biliões boe) e a Noruega (5 biliões boe). E em Angola foram igualmente descobertos mais 2 biliões de boe, ocupando este país o 10º lugar da lista.
Mas ainda há outra característica diferenciadora desta nova era lusófona do petróleo e gás: a vasta maioria destas reservas (quase 60%) está localizada em águas ultra-profundas. Portanto, a extensão da Plataforma Continental portuguesa revela-se de acrescida importância estratégica, pois o potencial de riqueza em recursos energéticos pode ser assinalável.
Isto significa o espaço lusófono não só está a reforçar a sua importância geopolítica na economia global em função dos vastos recursos petrolíferos existentes, mas que também poderá afirmar-se como uma força tecnológica estratégica naquele domínio energético.
A Petrobras já está a trilhar esse caminho há mais de 30 anos. A empresa brasileira não só é a quarta maior petrolífera mundial a investir em I&D , como é das únicas operadoras a deter tecnologia proprietária para a exploração de petróleo e gás em águas ultra-profundas.
A Galp Energia, por sua vez, está presente em Angola, Brasil e Moçambique, e já possui parcerias de formação avançada com a Petrobras. Isto significa que existe substrato para criar uma indústria avançada de petróleo e gás, em português, no espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP ), com impacto à escala global.
Competir na economia global em português
Esta transformação geopolítica também cria oportunidades para que o português se afirme como uma das línguas mais importantes para os negócios do petróleo e gás.
Com efeito, deveria existir uma coordenação estratégica entre os vários países lusófonos para que o português seja o principal idioma a ser utilizado para firmar os contratos de exploração dos recursos nos seus territórios. Esta também é outra forma de dar significado económico de dimensão global à língua portuguesa.
Portanto, se forem dados passos no reforço da cooperação empresarial,
científica, tecnológica, legal e económica no domínio do petróleo e gás entre
os países lusófonos, esta transformação geopolítica redundará na construção de
uma segurança energética e prosperidade inteligentes para os povos que falam
português.
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