Pamila Gupta é doutorada em antropologia pela Universidade de Columbia, EUA. O seu percurso académico incluiu, ao nível de mestrados e licenciaturas, os domínios da antropologia, história, relações internacionais e economia, sempre em universidades norte-americanas. Mudou-se para a África do Sul e actualmente é professora no departamento de antropologia da Universidade de Witwatersrand, e investigadora de pós-doutoramento no Wiser, Wits Institute for Social and Economic Research, na mesma universidade. Tem feito pesquisa etnográfica sobre a descolonização dos portugueses de Angola e Moçambique e consequente migração para a África do Sul. Entre outros, tem como interesses de investigação as migrações e o cosmopolitanismo, mais precisamente os diversos tipos de imigrantes portugueses na África do Sul e a transformação das noções de classe associadas aos portugueses, durante e após o apartheid. A entrevista foi realizada em Lisboa, no dia 27 de Julho de 2012.
Observatório da Emigração (à frente OEm) - Talvez possa começar por nos dizer porque escolheu investigar a migração portuguesa, durante o seu percurso académico e profissional. Sabemos que não é o seu objecto de estudo específico, mas acabou por integrá-lo durante o seu trabalho de pesquisa.
Pamila Gupta (à frente PG) - Fiz a minha pesquisa de doutoramento em Goa, sobre a história da exposição do corpo de S. Francisco Xavier, na universidade Columbia nos EUA. Depois mudei-me para Joanesburgo, África do Sul, por razões pessoais, e comecei a dar aulas na Universidade de Witwatersrand e tive uma bolsa de pós-doutoramento. Quando eu comecei a pensar num projecto de pós-doutoramento, achei que seria interessante olhar para Moçambique porque foi uma colónia portuguesa e poderia ter também ligações com Goa.