Deputados da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, pelo círculo eleitoral do Niassa reclamam os altos níveis de pobreza que afectam aquela província do norte do país, nomeadamente no tocante ao abastecimento de água e vias de acesso.
Falando semana passada, no parlamento, o deputado Carlos Silya, da bancada parlamentar da Frelimo – partido no poder no país há 37 anos – disse que a população do Niassa não sabe, por exemplo, até quando estará pronta a estrada Lichinga (a capital provincial) – Cuamba (segunda maior cidade a nível da provincia).
“A população de Niassa não sabe até hoje a verdade sobre a sua petição da estrada Lichinga-Cumba”, disse Silya, acrescentando que gostaria de saber se as obras de asfaltagem desta estrada crucial serão ou não cumpridas até 2014 – ano do fim do mandato do actual governo.
Ainda na sua intervenção, Silya disse estar preocupado com a “grave situação” que se regista da falta de água nos grandes centros urbanos da província do Niassa, nomeadamente os municípios de Cuamba, Lichinga e Marrupa.
“Somos de opinião de que haja intervenção do governo central, já que localmente não se vislumbram soluções viáveis num futuro próximo”, disse ele, sublinhando que os recursos hídricos da província do Niassa deviam ser aproveitados para o abastecimento de água às populações.
Segundo recordou ele, a província do Niassa possui muitos rios. Além disso, a província possui o Lago Niassa que tem uma enorme abundância de água.
Estes problemas foram também apontados por Mário Cinquenta, deputado da Renamo – o maior partido da oposição - que questionou para quando a reabilitação das estradas Cuamba-Lichinga, Cuamba-Marrupa, que, segundo referiu, encontram-se em avançado estado de degradação.
Cinquenta também reclamou a degradação das linhas férreas Cuamba-Lichinga e Cuamba-Entre Lagos.
“O avançado estado de degradação destas infra-estruturas agrava o custo de vida na província do Niassa”, apontando como exemplo o saco de 50 quilogramas de cimento que na capital do Niassa custa entre 600 a 650 meticais (22,4 dólares), contra o preço de 250 meticais em Maputo.
Além de material de construção, Cinquenta disse que as difíceis condições de transporte também encarecem os preços de produtos alimentares.
Ainda na sua intervenção, o deputado da Renamo considerou de grave a falta de água na província de Niassa, nomeadamente na vila de Marrupa, bem como nas cidades de Lichinga e Cuamba. Na sua percepção, este problema – que afecta todas províncias do país – “revela a incompetência do governo da Frelimo”.
Entretanto, na sua intervenção no parlamento, o Ministro das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Muthemba, disse que as estradas Cumba – Mandimba – Lichinga estão na fase conclusiva de negociação do financiamento para a sua asfaltagem.
“As obras serão divididas em três troços; Cuamba – Kapulo, Kapulo – Massangulo e Massangulo – Lichinga”, disse o Ministro, sem avançar detalhes sobre o financiamento, nem a data concreta do início das obras.
MM/mz
AIM – 25.11.2012