Por Gustavo Mavie, da AIM, em Songo
O presidente moçambicano, Armando Guebuza, afirma que a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), no distrito de Songo, na província central de Tete, prova que estão errados aqueles que defendem a tese tribal e regionalística de que os recursos localizados em certas zonas do país devem beneficiar apenas os seus residentes.
Segundo Guebuza, a distribuição da energia da HCB pelo país inteiro prova que a sua localização é apenas um ponto de partida para depois beneficiar todos os moçambicanos.
A visão de que as riquezas naturais que se vão sendo descobertas pelo país inteiro devem ser vistas e assumidas como propriedade de todos os moçambicanos e não apenas dos residentes onde ocorrem a descobertas foi mais uma vez provado na terça-feira, durante as celebrações do 5º aniversário da reversão da HCB para o Estado moçambicano, em Songo.
Durante as celebrações, Guebuza disse que a reversão fez com que a energia da HCB passasse a beneficiar mais moçambicanos de todo o país.
Num discurso seguido com muita atenção pelas centenas de convidados, que idos de todo o país assistiram as celebrações, Guebuza vincou que Cahora Bassa não beneficia apenas os “tetenses”, pois desde a reversão para Moçambique em 2007, a sua energia cobre mais 57 distritos.
Quando foi inaugurada pelo então governo colonial português em 1977, a energia da HCB chegava a apenas 52 distritos dos 128 existentes em Moçambique.
Guebuza vincou, visivelmente satisfeito, que “as ondas dos benefícios deste estratégico património nacional, que nasce aqui no Songo, têm estado a ser desfrutados por um crescente número de cidadãos e de empreendimentos”.
“O que há cinco anos era uma miragem (para a maioria dos moçambicanos), foi-se tornando realidade tangível em muitos espaços geográficos desta Pérola do Índico, a começar por esta Vila que cresceu muito em beleza, imobiliária e dinamismo social e económico”, destacou Guebuza.
Em 30 anos que este empreendimento esteve nas mãos dos portugueses, apenas 52 dos 128 distritos que perfazem as zonas rurais e mais atrasadas do país beneficiavam da sua energia.
Vincou que a rápida expansão da electrificação do país não é fruto do acaso, mas sim, “porque os gestores da HCB apropriaram-se do nosso desiderato colectivo, como um povo, de ver este empreendimento a assumir um papel de grande relevo entanto que alavanca determinante e impulsionadora do desenvolvimento deste nosso belo Moçambique”.
A expansão da energia da HCB levou Guebuza a ver nela como catalisadora da unidade nacional.
“Ainda no quadro do reforço da Unidade Nacional, Cahora Bassa deve continuar a assumir-se como o mecanismo de aproximação entre moçambicanos e fazer a sua parte no reforço da consciência de comunhão de destino. São aos milhares os moçambicanos que, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, tiram benefícios da produção energética de Cahora Bassa sem nunca terem conhecido Songo”, frisou Guebuza.
“Cahora Bassa deve continuar a assumir-se como o mecanismo de aproximação entre moçambicanos, e fazer a sua parte no reforço da consciência de comunhão de destino”, acrescentou.
Explicou que os moçambicanos devem beneficiar deste recurso, de forma directa, através do acesso à energia, ou de forma indirecta através de acções tais como os impostos que robustecem o orçamento do Estado e através das acções de responsabilidade social corporativa.
Vincou que “após a reversão, o volume de energia eléctrica alocado para responder a necessidades de desenvolvimento teve um incremento superior a 40 por cento. Com este incremento, a potência contratada pela Electricidade de Moçambique passou de 300 para 500 MW e Cahora Bassa cadastrou-se como um dos principais contribuintes individuais para as receitas do nosso Estado”.
Para Guebuza, estes desenvolvimentos colocam Moçambique muito próximo da meta definida pelo governo de levar todos os 128 distritos do país a gritarem até 2013 numa só voz “Cahora Bassa é nossa”, porque terão electricidade 24 horas por dia.
GUEBUZA ELOGIA GESTÃO COMPETENTE E RESPONSÁVEL DA HCB
Guebuza teceu rasgados elogios à gestão competente e eficiente da HCB por cidadãos moçambicanos. Aliás, a competência dos técnicos nacionais desmente os pessimistas que na hora da reversão insinuavam que era o início da destruição daquele empreendimento.
Para Guebuza, a maneira sábia da gestão da HCB “nos enche de orgulho”. De facto, nota-se que uma “eficácia” que fizeram com que “os três últimos exercícios representem os anos de produção recorde, nos 35 anos de existência da empresa”.
Na ocasião, Guebuza disse que ao longo destes cinco anos, o número de trabalhadores estrangeiros foi baixando, tendo passado de 35, em 2007, ou seja nove por cento do quadro geral dos trabalhadores da empresa, para 16, no corrente ano, que representa 3,2 por cento.
HCB ESTÁ A AMORTIZAR A RITMO ACELERADO A DÍVIDA DE 800 MILHÕES COM QUE SE PAGOU A REVERSÃO
Outro facto que enche de orgulho o estadista moçambicano é a velocidade da amortização da dívida de 800 milhões de dólares contraída pelo Estado em alguns bancos estrangeiros. O empréstimo foi usado para pagar Portugal, como condição para este aceitar a reversão e entregar a sua gestão completa às autoridades moçambicanas.
Fontes ligadas à sua gestão disseram à AIM no Songo, que estão a pagar regularmente as letras e, até um pouco acima do que está preconizado, razão pela qual prevê-se liquidar a divida em oito anos ao invés dos 10 anos estabelecidos no acordo.
Disseram que encaram o futuro com muito optimismo, porque estão a substituir muitas peças que acusam desgaste, bem como esperam aumentar a sua capacidade, com a construção da Central Norte que poderá duplicar a produção actual.
“A construção desta Central Norte é para nós um dado adquirido que será antes ou logo que liquidarmos esta dívida, porque a partir dessa altura, o dinheiro que estamos a pagar esta dívida, iremos aplicá-lo na expansão da HCB, explicou fonte da HCB, para evidenciar que este empreendimento está em mãos seguras e que tem um futuro muito promissor.
Os dados contidos no discurso do presidente Guebuza e mesmo na breve intervenção feita pelo PCA da HCB, Paulo Muxanga, deixam claro que a reversão valeu a pena, porque já se desenham novos projectos como a expansão, para não falar de uma série de outros empreendimentos de sociais, como o hospital distrital que foi construído em Zumbo com fundos doados pela HCB que foi inaugurado por Guebuza um dia antes destas celebrações.
Um dos próximos projectos é a conclusão da electrificação do país, para que no próximo ano, os restantes 19 distritos rurais que ainda estão as escuras sejam ligados a rede nacional de energia eléctrica.
GM/SG
AIM – 28.11.2012
NOTA:
“Quando foi inaugurada pelo então governo colonial português em 1977, a energia da HCB chegava a apenas 52 distritos dos 128 existentes em Moçambique.”, e que “desde a reversão para Moçambique em 2007, a sua energia cobre mais 57 distritos”.
Quer dizer que Portugal eletrificou mais em dois anos que a FRELIMO em 37, pois suponho não ser competência da Hidroelectrica a distribuição de energia. Sem esquecer os 16 anos de guerra civil.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE