Escrito por Victor Igreja.
O papel da violência no sustento dos projectos politicos das elites do estado em Moçambique e, mais amplamente, na África sub-Sahariana, permanencem pouco pesquisadas. Em Moçambique, muitos do autores da literatura produzida nos anos 80s evitaram escrever sobre o uso da violência pela Frelimo e o número e identidades das suas vitimas. Este artigo visa preencher esta lacuna na literatura.
Este focaliza nas continuidades observadas na trajectória violenta contra o colonialismo e no período pós-independência no seio da Frelimo, e nos esforços deste partido para se demarcar das práticas do regime anterior (colonial) e erradicar alegados inimigos da sociedade. Nos primórdios da independência, a Frelimo dependeu da politica da memória e também da mobilização dos Moçambicanos através da e para a violência, justiça revolucionária e de transição.
Este processo culminou com a realização durante uma semana em 1982 de um evento politico complexo conhecido como a “Reunião dos Comprometidos”, sob liderança do falecido Samora Machel. Ao examinar o comportamento do Machel durante esta reunião e as reacções de alguns dos chamados comprometidos, este artigo revela as ambivalências politicas da autoridade da Frelimo no período pós-colonial em Moçambique, uma vez que a violência tanto possibilitou as elites da Frelimo para dominar oficialmente assim como seriamente perigou o seu projecto politico e trouxe bastante sofrimento para o povo. Estas contradições ajudaram a mostrar as fracturas e a crescente confusão do projecto revolucionário da Frelimo e precipitou o colapso politico e moral do Machel.
Para mais detalhes veja em: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/03057070.2010.527636
Journal of Southern Africa Studies.