XIPALAPALA por João de Sousa
Na localidade de Nkandlha, a terra natal do Presidente da República da África do Sul, existe a “Zumaville”. Trata-se do seu complexo habitacional privado onde Jacob Zuma costuma passar os seus fins-de-semana ou férias acompanhado das suas esposas, filhos e netos. O complexo tem de tudo um pouco. Boas estradas de acesso ao local, helioporto, uma clínica e residências para os elementos da sua segurança pessoal. Tudo feito com dinheiro do erário público, o que provoca preocupações de toda a ordem, já manifestadas publicamente por algumas organizações da sociedade civil. De acordo com a última informação os valores aplicados na construção e reabilitação deste complexo residencial atingem já os 247 milhões de randes. A Presidência da República sul-africana, através do seu porta-voz, Mac Maharaj, já veio a público afi rmar que “o custo das remodelações serão pagas pela família Zuma”.
Segundo o responsável dos transportes de Nkhandla, este projecto de desenvolvimento daquela região do Kwazulu Natal já tinha sido decidido pelo antigo presidente Thabo Mbeky. Só que, dizem os analistas locais, era um desenvolvimento integrado da região, que previa o aumento do número de escolas, da rede sanitária e de assistência médica, entre outros benefícios. Era um projecto que visava beneficiar a população do local. O actual projecto de Nkhandla vai beneficiar, segundo analistas locais, única e simplesmente o Chefe de Estado e membros da sua família.
Alguns elementos de organizações da sociedade civil perguntam: para quê mais residências presidenciais, quando o Presidente Jacob Zuma, segundo definem as regras internas do chamado “Ministerial Book”, tem três casas protocolares de luxo, nomeadamente em Durban, Pretória e Cape Town?
O Ministério Público já está a investigar, porque precisa de saber ao certo como é que os fundos do Estado foram drenados para uma obra privada e de tamanha envergadura. O assunto foi a debate no Parlamento. Jacob Zuma voltou a dizer que todos os pagamentos relacionados com a construção do seu complexo residencial foram feitos com fundos da sua família. Uma afirmação que não agradou aos partidos da oposição com assento parlamentar, porque até ao momento não há provas de que os valores gastos não tenham sido retirados do erário público.
Helen Zille, a presidente da Aliança Democrática, o maior partido de oposição da África do Sul e que controla por completo a actividade governativa na Província do Cabo, tentou “inspeccionar” o local.
Foi impedida de o fazer pelas forças da polícia e pela população da zona. A AD pretendia vêr “in loco” para poder perceber melhor a forma como foram gastos 247 milhões de randes, em obras de beneficiação, utilizando dinheiro que foi drenado de várias instituições do Estado. O ANC considerou esta visita de
Helen Zille e de outros membros da Aliança Democrática como sendo “uma violação à privacidade do Presidente Jacob Zuma e da sua família”. Vários analistas políticos sul-africanos consideram que “esta visita de Helen Zille a Nkhandla faz parte da sua campanha eleitoral para 2014”.
CORREIO DA MANHÃ – 21.11.2012